“A vida se transforma rapidamente. A vida muda num instante. Você se senta para jantar e a vida que você conhecia acaba de repente”. Essas são as primeiras linhas do livro “O ano do pensamento mágico”, de Joan Didion – uma das mais aclamadas escritoras e intelectuais norte-americanas – que conta a história do período de um ano que se seguiu à morte de seu marido, o também escritor John Gregory Dunne, e a longa doença de sua única filha.
Comigo não foi muito diferente. A vida mudou realmente naquele instante. Nunca havia passado pela minha cabeça que um imprevisto pudesse me fazer viver com alguma limitação, que necessitaria de ajuda, tampouco que perderia algum ente querido. Só pensava em viver de forma intensa e apaixonante, como havia sido até aquele dia. Talvez tenha sido por isso a dificuldade em acreditar em mim mesmo, em uma possibilidade de superação pelo que a vida me “aprontou”. Mas os nossos “anjos” aparecem para nos ajudar, e acima de tudo, fazer com que voltemos a acreditar na vida e em nós mesmos.
Como venci meu imprevisto
Um assalto me tirou parcialmente a visão. Dois meses após o acontecimento, meu histórico de diabetes e, posteriormente, uma depressão aceleraram o quadro e fizeram com que eu perdesse totalmente a possibilidade de ver a vida com os dois olhos em oito meses. Como assim? É como diz a autora do livro mencionado que ganhei de um amigo nos meses que sucederam o assalto: “você se senta para jantar e a vida que você conhecia acaba de repente”. O meu mundo tinha virado de cabeça para baixo. Um “longa metragem” passava pela minha cabeça e eu não conseguia acreditar! Eu me perguntava a toda hora: e agora? Sabia que teria que sair dessa posição de vítima para enfrentar as dificuldades e vencê-las.
Até aquele dia, tudo corria bem. Estava casado há 12 anos com três filhos, casa própria e era bem-sucedido na minha profissão como advogado. Também tinha um bom emprego na área, mas sentia que precisava mudar e ousar. Dediquei muitas horas do meu tempo estudando o mercado em que trabalhava para programar o meu voo solo. Preparei-me para atuar como profissional liberal e resolvi investir em um plano de previdência privada, programando, assim, o meu futuro e o da minha família. Essa foi a minha sorte!
Abri meu escritório de advocacia três anos antes do assalto. Era uma época boa, tinha bons clientes e os ventos sopravam a favor. Hoje, depois de um longo período de adaptação à minha deficiência, e com a ajuda do meu filho mais velho, sigo o projeto iniciado os idos de 1990 com mais estabilidade e tranquilidade por conta do dinheiro que recebo com o benefício.
[A história de Rafael (nome fictício) é baseada em fatos reais da vida de um beneficiário de uma companhia de seguros.]