É só olhar os boletos que não param de chegar que você já fica preocupado com o reajuste de contas essenciais do dia a dia, como luz, água, gás e até mesmo supermercado? Diante da velocidade no aumento de preços no Brasil, é normal se assustar com tudo isso e apertar os cintos para que todas as despesas caibam no orçamento.
Para te ajudar nessa missão difícil, vamos mostrar algumas recomendações práticas do que pode ser feito para que os aumentos constantes não acabem com a organização do seu orçamento doméstico e se transformem em dívidas, além de dar um panorama sobre o que explica esse comportamento dos preços. Boa leitura!
Por que ocorrem tanto reajuste de contas no Brasil?
A maioria dos contratos de prestação de serviço, como os de telefone, luz e água, são reajustados anualmente, seja de acordo com o que está no contrato estabelecido entre consumidor e empresa, seja conforme determinação da agência regulatória que atua no setor.
Independentemente da forma como se dá o reajuste de contas, a maioria deles considera o índice de inflação acumulado no período.
A inflação é um dos fenômenos econômicos mais temidos pelos brasileiros. Por décadas tivemos que conviver com explosões inflacionárias que tornavam impossível qualquer planejamento.
Quem é mais velho lembra da corrida aos mercados para gastar todo o salário no dia do pagamento e assim evitar a perda de poder de compra do que havia recebido.
O reflexo da inflação no aumento dos preços
Os índices de inflação servem para refletir a velocidade do aumento dos preços na economia como um todo. Dessa forma, quando há um crescimento generalizado nos preços de serviços, alimentos, entre outros produtos, isso eleva os marcadores da inflação.
O Brasil tem diversos índices de inflação, reflexo do período de inflação descontrolada. O oficial, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
No entanto, é normal que outros setores adotem indicadores diferentes. É o caso do setor imobiliário, por exemplo, que nos contratos de aluguel costuma adotar o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), calculado pela Fundação Getúlio Vargas.
Outro reflexo da memória do descontrole da inflação é a alta indexação da economia brasileira. Com medo de ver contratos com preços defasados, é raro ver negócios que são fechados sem essa previsão de reajuste de contas.
Assim, a inflação acumulada em um ano é carregada para o ano seguinte, contaminando os preços por mais tempo do que deveria. Em parte, isso é o que você está sentindo ao se deparar com esses reajustes.
Quais são os motivos para tanto reajuste de contas?
Em 2021, o IPCA (a tal da inflação oficial no Brasil) fechou em 10,06%, a maior desde 2015. Explicar a alta dos preços, e por consequência da maioria das suas contas, passa por entender suas causas. Algumas delas são pontuais e outras estruturais.
Do ponto de vista pontual, a pandemia e o clima irregular fizeram com que muitos produtos tivessem a produção e o transporte afetados, elevando os preços. A falta de chuvas também encareceu a conta de energia elétrica.
Já na questão estrutural, o aumento dos preços é reflexo direto do aumento constante de gastos por parte do governo, que, embora essenciais, principalmente no enfrentamento da pandemia, podem desbalancear toda a economia.
A partir disso, a confiança do mercado financeiro cresce e o país perde muito dinheiro para fora. Com menos moeda estrangeira aqui dentro, o dólar sobe e afeta ainda mais os preços, já que muitos deles são atrelados ao câmbio.
É o caso, por exemplo, dos combustíveis. Em 2021, só a gasolina sofreu com alta de 47,89%, de acordo com o IBGE.
Por que esse é um reflexo de um processo mais profundo na economia?
A inflação não é prejudicial apenas para o seu bolso, mas também para a economia como um todo. Lidar com um processo inflacionário não é fácil. Uma das poucas ferramentas para isso é o aumento dos juros, o que é feito pelo Banco Central.
Com os juros mais altos, a expectativa é que a atividade econômica seja reduzida ainda mais. Assim, a demanda por produtos e serviços também cai, trazendo a inflação para baixo ao mesmo tempo em que reduz o crescimento econômico e a geração de empregos.
Ou, a inflação apenas é reflexo do desequilíbrio da economia brasileira, bem como alimenta de forma simultânea muitas de suas deficiências. A adoção de uma política econômica capaz de lidar com isso no longo prazo é a melhor saída para não tenhamos que continuar a enfrentar problemas parecidos no futuro.
Como garantir estabilidade financeira em meio ao reajuste de contas?
Situação da economia à parte, você pode fazer sua lição de casa e, com isso, garantir um pouco mais de estabilidade financeira mesmo em meio à turbulência do período. Nos tópicos a seguir indicamos alguns pontos valiosos para o seu bolso.
Tenha um bom planejamento
Saber de onde vem e para onde vai todo o dinheiro recebido. Por isso, anote todas as despesas e os gastos ao longo do mês e veja se é possível eliminar excessos. Defina também metas de curto, médio e longo prazo.
Faça uma reserva financeira
Junto à organização das contas, destine uma fatia do orçamento para a formação de uma reserva financeira. Comece mesmo com pouco e vá progredindo nos valores acumulados. O montante guardado pode ser valioso no futuro.
Conte com um seguro
Outra forma de se prevenir de imprevistos que podem comprometer o seu bolso é por meio da contratação de um seguro.
As diferentes modalidades desse tipo de proteção garantem o pagamento de indenizações e oferecem o suporte necessário em determinadas situações adversas.
Invista em ativos financeiros
Uma das formas de proteger o seu dinheiro da corrosão do poder de compra causado pela inflação é investindo em ativos financeiros cujo rendimento é atrelado ao aumento dos preços.
Muitas aplicações pagam rendimentos que acompanham alguns dos principais indicadores de inflação do mercado, o que pode ser bem interessante.
Na maioria dos casos, não há como escapar do reajuste de contas, que muitas vezes vem de uma vez só. De qualquer forma, com disciplina e organização é possível manter as contas em ordem, na expectativa de momentos mais tranquilos na economia.
Saiba mais sobre como proteger suas finanças da inflação elevada com este outro conteúdo aqui do blog.