Por que a Selic saiu de 14,25% a.a., em 2016, para 5% a.a. em 2019? Neste último ano, a contínua queda da taxa Selic surpreendeu analistas, confundiu o mercado e deixou muitos brasileiros perguntando onde investir.
Estávamos em 6,5% a.a. até julho/2019; 6% em setembro; 5,5% em outubro e, por fim, 5% em novembro. Onde isso vai parar? Por que essa redução sistemática está acontecendo? Quais os impactos na economia e nos diferentes tipos de investimento? Você confere agora todas essas respostas!
O que é taxa Selic?
Se você buscar no Google “o que é taxa Selic”, vai suar muito para encontrar uma resposta correta sobre o assunto. Infelizmente, a web está cheia de erros e imprecisões sobre a taxa básica de juros da economia. Por isso, vamos aproveitar para esclarecer sua definição de forma detalhada.
O primeiro erro em abundância na Internet é a afirmação de que a Selic é uma taxa definida pelo Banco Central (BC). O outro é insinuar que, a partir dessa “decretação”, todos os juros praticados no mercado seguem esse patamar.
Selic é a sigla para “Sistema Especial de Liquidação e de Custódia”, um sistema centralizado que concentra os registros e a custódia dos títulos públicos federais (como se fosse um “baú de investimentos” de títulos do Tesouro).
Nessa infraestrutura, gerenciada pelo Banco Central, existem 8 títulos distribuídos em cerca de 380 vencimentos, o que corresponde à totalidade dos títulos públicos nacionais. Então, a taxa Selic é a média das taxas da compra/venda de títulos públicos, ou seja, é um índice natural, não definido diretamente pelo BC.
Mas o que faz o BC? Na reunião feita pelo Copom (Comitê de Política Monetária do BC) a cada 45 dias, apenas estipula-se uma meta da taxa média dessas operações no Selic (sistema). Ou seja, o Banco Central não define a taxa Selic, mas apenas a meta dessa taxa.
Considerando que os bancos utilizam tais títulos como garantia (ou seus índices como referência para remuneração de seus títulos privados), quando a taxa se altera, muda-se o custo de captação dessas instituições. Desencadeia-se, assim, um efeito dominó em todos os níveis do “ecossistema de crédito” do país.
Como a Selic se movimenta?
Uma variação na taxa média dos títulos públicos interfere diretamente os bancos, já que essa oscilação se reflete na rentabilidade de seus produtos de investimento.
A queda da meta da Selic “força” as taxas dos títulos federais para baixo; isso achata também a remuneração dos títulos bancários, reduzindo os custos dessas instituições que, por consequência, ficam com mais margem para oferecer crédito mais barato ao correntista. O contrário ocorre quando essa meta se eleva.
Por que chegamos a essa queda percentual da taxa?
Falamos sobre a relação entre o custo do dinheiro captado pelos bancos e os juros cobrados no reempréstimo desse dinheiro. Vamos falar agora do impacto dessa correlação de forças sobre a inflação.
O aumento ou queda da taxa Selic é o principal instrumento de política monetária do país para controlar a inflação. E é fácil entender o motivo.
Quando os juros praticados pelos bancos está alto, você sai por aí fazendo compras parceladas ou financiamentos? Não, né? Mas se os juros do cartão de crédito, do crédito pessoal e até do cheque especial caíssem drasticamente, você poderia aproveitar para trocar de carro, fazer aquela viagem dos sonhos ou até comprar imóvel, certo?
A meta da Selic “empurra” os juros da economia para baixo ou para cima para controlar o consumo. Quando a população consome muito, os preços sobem; quando todo mundo guarda dinheiro, faz investimentos inteligentes e só gasta o mínimo, as empresas são obrigadas a baixar os preços para atrair novamente os clientes, reduzindo a inflação.
A meta da Selic tenta influenciar esse movimento: a definição de uma meta mais baixa para o Selic derruba as despesas dos bancos, reduzindo o custo do crédito como um todo, no intuito de estimular o consumo e aumentar a inflação.
Por outro lado, metas elevadas aumentam também as taxas pagas pelos bancos, o que vai encarecer todos os seus produtos de crédito. Isso desestimula os financiamentos e reduz o consumo, diminuindo a inflação.
Cada governo tem sua política econômica. A equipe atual tenta pressionar os juros do mercado para baixo no intuito de reaquecer a economia e aplacar a recessão que estamos vivendo. O problema é que a queda da taxa Selic altera imensamente o equilíbrio de todo o sistema econômico.
Quais as consequências da queda da taxa Selic?
A queda da taxa Selic afeta a economia e os investimentos, de forma geral. A seguir explicaremos as consequências em cada uma dessas frentes. Acompanhe!
Consequências na economia
A queda da taxa básica de juros barateia o crédito, impulsionando o consumo que, por sua vez, aumenta o preço da cesta básica e gera mais inflação. Porém, a questão não é só essa.
Juros em queda livre significa menor remuneração na renda fixa (quase sempre atrelada à Selic), o que também provoca saída em massa de investidores estrangeiros do país, ou seja, saída de bilhões de dólares da nossa economia. O que isso desencadeia?
Com menor oferta da moeda norte-americana no país, o dólar vai às alturas, exatamente o que estamos vendo hoje.
O problema é que vários setores dependem muito da importação (como a saúde, com a aquisição de equipamentos médicos no exterior). Nesse cenário, juros baixos em excesso podem aumentar o dólar a ponto de “quebrar” alguns setores, ou fazê-los elevar exponencialmente o preço ao consumidor final.
Portanto, vale ressaltar que a queda da taxa Selic reduz a inflação, mas só até certo ponto: o exagero pode produzir efeito contrário.
Consequências nos investimentos
Selic a 0,0%? Quem foi investidor nos anos 2000 não teve dificuldades para enriquecer, apenas aplicando em renda fixa. Um CDB (Certificado de Depósito Bancário) pós-fixado atrelado ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), cujo índice praticamente “copia” a Selic, em 2015, pagava 14,25% ao ano. Espetáculo, não?
Em 2005, um Tesouro Selic chegou a pagar 19,50% a.a. Nesse ritmo, era só aportar R$ 100 mil e aguardar resgatar o dobro em 5 anos. Mas esse cenário mudou.
Com a queda da taxa Selic (atualmente em 5% a.a.), CDB, LCI (Letras de Crédito Imobiliário)/LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) e Tesouro Direto — com exceção ao Tesouro IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) — já trazem UMA remuneração tão tímida quanto à da caderneta de poupança. É preciso ir em busca de outros investimentos.
Onde investir com essa queda da Selic?
Analistas projetam Selic a 4,5% a.a. em 2020 e a inflação em torno de 3,32%. Se essas perspectivas se confirmarem, quem aplicar em renda fixa (CDB, LCI/LCA, poupança ou Tesouro Direto) vai acabar tendo um rendimento real negativo (rentabilidade brutal menor do que a inflação).
Para fugir disso, considerando ainda as perspectivas de reformas, o ideal é voltar os olhos para fundos de ações, fundos multimercados e planos de previdência privada mais arrojados (que investem não apenas em renda fixa) — alguns dos quais, inclusive, têm a vantagem de serem tributados apenas sobre os rendimentos e não sobre o todo, caso do VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre).
Outra opção interessante é investir em fundos nacionais que aplicam parte de seus recursos em ativos financeiros no exterior. Nunca ouviu falar?
Trata-se da forma mais simples de investir no exterior, sem necessidade de abrir conta em outro país, ficar sujeito a tributações pesadas e muito menos ter que aportar milhões para começar a investir. Um exemplo são os fundos Mongeral Aegon Multimercado Investimento no Exterior FI.
No momento de queda da taxa Selic, é preciso encontrar soluções fora do óbvio para aumentar sua rentabilidade. A Mongeral Aegon, especializada em seguros, previdência e investimentos, está presente no Brasil há quase 200 anos, contando com um vasto portfólio de aplicações financeiras para cada perfil de investidor.
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