Não é novidade para ninguém que estamos atravessando uma crise sociopolítica, ambiental, econômica e até ideológica. Há quem diga que é o fim do mundo. Eu diria fim de UM mundo, pois refletindo um pouco mais, conseguimos entender essa crise como uma grande transição. Não se assuste se qualquer hora dessas um táxi chegar para buscar você junto com outro passageiro: esses novos movimentos já viraram modelos econômicos e estão sendo colocados em prática.
Mudança de paradigmas
Estamos migrando do antropocentrismo, onde tudo gira ao redor do homem, para o ecocentrismo – um sistema de valores centrado na natureza. Estamos saindo do antigo modelo ganha-perde, onde um tem sempre que perder para o outro ganhar, para o ganha-ganha, onde as relações são muito mais justas e sustentáveis. Vivemos por muito tempo a mentira de que não há para todo mundo. Há sim. A informação está aí e em abundância. É só querermos ver.
Nova economia: teoria e prática
Podemos dizer que a nova economia é baseada em dois pilares principais: as relações e os recursos. O que isso quer dizer? Do ponto de vista dos recursos, ela busca a renovação, seja migrando da produção linear para a circular, para que o que os insumos sejam totalmente reaproveitados (Economia Circular e Azul), seja utilizando ao máximo algo que foi produzido (Economia Compartilhada).
Ao mesmo tempo, as novas economias resgatam algo muito valioso que perdemos nessa corrida desenfreada pelo acúmulo: as relações. As economias Colaborativa, da Felicidade, da Dádiva, entre outras, têm como premissa promover a integração entre pessoas, trazendo de volta o senso de comunidade, a confiança e o diálogo. Elas nos lembram não só de que é impossível viver sozinho, como o quanto é enriquecedor pensar coletivamente, ou melhor, em rede.
A economia criativa, que abrange alguns conceitos citados aqui, tem crescido de forma progressiva no Brasil e a tendência é que ela chegue aos 13% ao ano até 2018. Vale lembrar que a essência desse modelo está em gerar riqueza a partir de tudo o que é intangível, como o conhecimento e a criatividade, saindo da premissa de que o valor está no TER. Uma agência de comunicação, uma empresa de tecnologia e até um festival de música são exemplos dessa economia que mostra ser uma grande solução para o nosso sistema atual.
Não posso deixar de ressaltar que a tecnologia é talvez a principal ferramenta dessa nova realidade, viabilizando as operações e ampliando o alcance das ações. Para isso, precisamos nos apropriar mais desse recurso, que hoje ainda é “um bicho de sete cabeças” para muitos – e eu me incluo nesse time. Mas uma coisa é certa: quanto mais nos capacitamos, mais conseguimos enxergar novas soluções e o medo da mudança diminui.
Não podemos mais fechar os olhos para a realidade
Microrrevoluções como estas estão acontecendo em todo o mundo e precisamos encará-las com resiliência e entusiasmo. Fazer essa virada pode parecer complexo, mas não é. O primeiro passo não está fora e sim dentro de nós: resgatarmos valores humanos que sempre estiveram com a gente. O segundo é juntá-los às ferramentas atuais, que com curiosidade e dedicação conseguiremos surfar a onda e chegarmos com sucesso de volta à praia.