Foi-se o tempo em que o dinheiro vivo era a principal forma de pagamento utilizada pelos brasileiros. Segundo levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) os métodos digitais ganham cada vez mais forma. Ainda mais depois da pandemia. Para acompanhar essa tendência, o Banco Central brasileiro pretende colocar em circulação o chamado Real Digital.
Você sabe o que é o Real Digital? Listamos as principais informações sobre o assunto e quais serão os impactos causados pela sua utilização. Continue a leitura e fique por dentro do tema!
O que é o Real Digital?
Na pesquisa feita pela CNDL e pelo SPC Brasil, os números mostram que os meios de pagamento digital já têm grande adoção pela maioria dos brasileiros.
Ainda que 71% dos que participaram das pesquisas utilizem o dinheiro vivo, ele já tem utilização equivalente ao Pix (70%) e tem adoção pouco superior aos cartões de débito (66%) e crédito (57%).
Olhando os números, vemos que o Pix, ainda que recém-implementado, já é algo que as pessoas utilizam bastante, principalmente pela sua rapidez, praticidade e isenção da cobrança de tarifas na maioria das operações. Isso faz dele uma das novidades mais bem-sucedidas no sistema financeiro nacional.
A revolução iniciada pelo Pix não deve parar por aí. Em meados de 2021, o Banco Central apresentou as diretrizes daquela que será a próxima grande novidade na forma como lidamos com o dinheiro: o Real Digital.
Com ele, a intenção é reduzir ainda mais a utilização de cédulas de papel e facilitar as operações entre pessoas e negócios.
Qual é a diferença entre o real digital e as criptomoedas disponíveis no mercado?
O Real Digital é uma moeda digital que, apesar do nome, não deve ser confundida com criptomoedas disponíveis no mercado, como o Bitcoin.
Na prática, ele é o que se chama internacionalmente de Central Bank Digital Currency, ou moeda digital de Banco Central, na tradução livre. Para facilitar, temos a sigla CBDC.
A grosso modo, a principal diferença entre o Real Digital e uma criptomoeda como o Bitcoin é que a emissão do primeiro se dá de forma centralizada. No entanto, os ativos como o Bitcoin mantêm todo um sistema em que não há controle central de bancos ou governos.
Nas diretrizes já divulgadas, não há muitos detalhes sobre como o Real Digital vai funcionar, mas é provável que ele seja mantido por meio de uma carteira virtual. Desse modo, ela permitirá que o cidadão converta seus reais “tradicionais” e utilize a versão digital nos estabelecimentos que aderirem a essa forma de pagamento.
Por que esse termo está se tornando uma tendência?
De acordo com dados do Banco Internacional de Compensações (BIS), em 2021, 86% dos Bancos Centrais consultados ao redor do mundo estavam ativamente pesquisando o potencial das moedas digitais, 60% estavam fazendo testes com a tecnologia e 14% já estavam efetivamente desenvolvendo projetos.
Soma-se a isso o fato de que cada vez mais transações estão sendo feitas no ambiente virtual, sem a necessidade de cédulas de papel.
Mesmo nas transações presenciais, a grande variedade de métodos digitais de pagamento faz com que seja cada vez menos necessário carregar dinheiro físico.
É nesse contexto que o Real Digital se insere, como mais uma peça para facilitar transações, fomentar novos negócios e garantir a segurança desses meios de pagamento.
Além disso, esse tipo de moeda ajuda no rastreio da movimentação de recursos e na sua correta tributação.
Pelo mundo afora, muitos países seguem a mesma lógica ao colocar a utilização de métodos digitais de pagamento em primeiro plano. O que inclui moedas virtuais emitidas pelos Bancos Centrais.
A China, por exemplo, já utiliza o Yuan Digital, que, de acordo com o Banco Central Chinês, mais de 140 milhões de pessoas utilizam. Isso faz com que o projeto dos chineses seja o CDBC mais avançado do mundo.
Como o Real Digital vai afetar o uso de dinheiro físico?
Não há perspectivas de que a utilização do Real Digital acabe com o uso do dinheiro físico. Primeiramente, porque a emissão de cédulas ainda é parte importante do sistema financeiro e deve continuar por um bom tempo, mesmo que outras formas de pagamento se popularizem.
Além disso, no Brasil, ainda há outro entrave de natureza social. Uma fatia da população não tem acesso a serviços bancários ou mesmo conexão à Internet — itens essenciais para utilizar essas funcionalidades.
Enquanto mais de 34 milhões de pessoas (dados do Instituto Locomotiva) permanecerem sem acesso a nenhum tipo de serviço bancário e 40 milhões continuarem sem acesso à Internet (de acordo com o IBGE), a extinção do dinheiro físico não acontecerá.
Quais são as vantagens do Real Digital?
Entre as vantagens de uma moeda virtual nos moldes do Real Digital, as que mais ganham destaque são a segurança e a economia.
Segurança porque todas as transações serão criptografadas, sempre de forma rápida e instantânea, o que dá confiabilidade ao recurso.
A economia vem da redução do custo de emissão de cédulas físicas. É caro imprimir, transportar a armazenar notas físicas. Com a moeda virtual, essa despesa seria reduzida pouco a pouco.
Quais são os riscos?
Para garantir a integridade do uso da moeda virtual, o Banco Central deve fortalecer uma série de regulamentações, tanto em relação a fraudes quanto à utilização do ativo digital para atividades ilícitas ou ainda para a lavagem de dinheiro.
Ao mesmo tempo, será necessário trabalhar a comunicação com a população, para que ela confie naquela moeda digital.
Para isso, será essencial explicar todas as suas funcionalidades e garantias, deixando claro que ela não é descentralizada e sem controle, como acontece com o Bitcoin e similares. Sem isso, a confiança em todo o sistema pode ruir, impedindo sua plena implementação.
A expectativa é que o Real Digital esteja disponível até 2023. Seja como for, com essa novidade ou não, é importante planejar sua vida financeira e priorizar o consumo consciente de dinheiro, para concretizar seus objetivos sem se enrolar em dívidas e outros transtornos.
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