Apenas 21% dos trabalhadores autônomos no Brasil estão confiantes em uma aposentadoria confortável e 57% acreditam que se aposentarão a partir dos 65 anos, ou mesmo nunca se aposentarão. Estas são algumas das informações apontadas pela pesquisa global “O Preparo para a Aposentadoria na Nova Era do Trabalho Autônomo”, uma parceria do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon (Brasil), Centro para a Longevidade e Aposentadoria da Aegon (Holanda) e Centro de Estudos para a Aposentadoria da Transamerica (EUA). Os estudos sobre o tema da longevidade e da aposentadoria ao redor do mundo vêm sendo desenvolvidos pelo Grupo há quase duas décadas.
Cerca de um terço da força de trabalho no Brasil é composta de autônomos (32%), a terceira mais alta entre os países pesquisados, ficando atrás apenas da Índia (51%) e da Turquia (33%). “Entendemos que este é um reflexo também do alto desemprego no país, que atingiu 12,6% na virada do ano, e do alto custo para o empregador devido aos encargos incidentes sobre a folha de pagamento”, comenta Leandro Palmeira, superintendente do Grupo Mongeral Aegon e representante do grupo de pesquisa no Brasil.
Sobre o preparo dos brasileiros, 34% certificam-se que estão poupando para se aposentar, somente 8% têm um plano formal para a aposentadoria, outros 48% afirmaram ter um “plano B” e 10% venderão seus negócios. “Constatamos que 77% dos entrevistados possuem um bom nível de consciência da necessidade de planejar para a aposentadoria, mas isto ainda não reflete em uma ação consistente de preparo”, diz Palmeira.
A pesquisa aponta que 62% dos autônomos no Brasil são homens e que a renda anual média destes profissionais é de USD 7.800, muito inferior à média global de USD 18.900. Estes valores equivalem a R$ 24.570 e R$ 59.535, respectivamente, considerando uma cotação de R$ 3,15 por dólar.
Análise Global
No mundo, apenas 26% dos profissionais autônomos estão muito ou extremamente confiantes em ter uma aposentadoria confortável. A pesquisa traçou o perfil do trabalhador autônomo de 15 países, incluindo o Brasil. Os resultados apontaram que dois terços deste tipo de profissional são compostos por homens. “Um dos motivos para este elevado número é a maior dificuldade de acesso das mulheres a um capital inicial para empreender”, explica Palmeira. A pesquisa também revela que 87% dos autônomos já trabalharam para um empregador. A renda média global por ano destes profissionais é de USD 18.900, enquanto que a de um trabalhador assalariado é de USD 21.400. Dentre os benefícios listados pelos autônomos pela opção por este tipo de trabalho estão: ser seu próprio patrão (53%), agenda e horários flexíveis (50%), trabalhar aonde quiser (37%) e oportunidade de ganhar mais (32%).
Preparo para a aposentadoria
O estabelecimento de uma idade mínima para a aposentadoria, uma das questões contidas na proposta da Reforma da Previdência em discussão no Brasil, não é vista como um problema para os trabalhadores autônomos, já que estes trabalham de forma independente. Outro dado que chama atenção é que, no mundo, 58% destes profissionais esperam se aposentar com 65 anos ou mais ou nunca se aposentar. Uma das justificativas para isso é que 63% querem se manter ativos.
Um a cada três autônomos (34%) são classificados como poupadores habituais, ou seja, certifica-se que estão poupando para se aposentar. 22% são poupadores ocasionais, o que significa que guardam dinheiro de tempos em tempos. Outros 17% foram classificados como poupadores passados, aqueles que não poupam hoje, mas já fizeram antes. Os poupadores aspirantes – que não guardam agora, mas pretendem – representam 20% da massa. E 7% são não poupadores, ou seja, nunca guardaram para a aposentadoria e nunca pretendem fazer.
Em uma lista sobre os planos para o período de aposentadoria, que permite ao entrevistado a escolha de mais de uma opção, as mais recorrentes foram viajar (55%), passar tempo com amigos e família (47%), novos passatempos (42%), continuar trabalhando na área (29%) e realizar trabalho voluntário (24%). Os autônomos também apontaram como pretendem compor a renda na aposentadoria: poupança (38%), previdência social (36%), previdência privada (22%), ações (20%) e seguro de vida (19%).
Acesse o arquivo da pesquisa ou, se preferir, entenda os números com o nosso infográfico.