Quando o dono da fabricante do molho de tomate do elefante faleceu aos 98 anos, após décadas administrando um conglomerado de negócios bem-sucedidos, ninguém esperava que bastariam algumas semanas para a disputa entre os herdeiros desfazer o que décadas de negócios construíram. Como tantos outros fundadores, o patriarca se foi convencido de que a eternidade lhe devia favores. Assim, sua herança, estimada em bilhões, ficou desamparada por não haver nenhum planejamento sucessório.
A sucessão familiar, uma espécie de “passagem de bastão” da gestão do patrimônio para sucessores, é um processo que, quando bem feito, leva anos de preparação e acontece mesmo antes do falecimento dos fundadores. Um bom planejamento de sucessão previne desentendimentos e deixa claro qual a vontade do falecido — e é aí que vemos que, no caso desta fabricante de molho de tomate, o silêncio do patriarca se tornou a semente da guerra entre os herdeiros.
Mas como acontece uma sucessão malsucedida? E como não cometer os mesmos erros deste caso? Você vai entender melhor isso e outras questões a seguir.
A importância de uma sucessão familiar bem-feita
O patriarca pode ter multiplicado o império da família e conquistado tudo o que a elite paulista da metade do século XX chamava de sucesso, mas não preparou a única coisa que realmente importa quando o corpo esfria: a ordem para depois.
No dia da morte, o inventário já estava no fórum, e nada simboliza melhor a falência da harmonia entre os dois filhos do fundador do que isso. Enquanto o filho, curador após a interdição do pai, entrou com pedido para ajuizar a abertura de inventário, a filha o acusa de esconder R$ 1 bilhão em bens — isso mesmo, um bilhão de reais.
Entre as críticas da irmã estão a suposta venda de obras de arte do pai, o forjamento de dívidas e a ocultação de patrimônios. Já o irmão alega que tudo foi usado para pagar a internação do pai, ainda em vida.
Você acredita em quem? Não importa. Não houve holding. Não houve testamento claro. Não houve protocolo familiar. Se houve Seguro de Vida, ninguém sabe — e se ninguém sabe, é como se não houvesse. Quando a sucessão é malfeita, a verdade perde espaço para a versão com mais advogados. Por isso que sucessão não é coisa de velho; é coisa de gente que ama.
Não planejar a sucessão é uma escolha covarde disfarçada de esperança. É apostar que os filhos vão se entender porque são irmãos — quando, na prática, já não se falavam desde a missa de formatura da sobrinha em 2007.
O pai confiou no tempo, mas se esqueceu de que o tempo é um péssimo advogado de famílias ricas. E a conta de uma sucessão familiar malsucedida chegou: R$ 86 milhões antes mesmo da primeira briga. Vamos aos números. Quem não fala de dinheiro, morre de surpresa:
Item | Estimativa* conservadora |
ITCMD (4%) | R$ 40.000.000 |
Custas judiciais | R$ 5.000.000 |
Honorários advocatícios (4%) | R$ 40.000.000 |
Avaliações e registros | R$ 1.000.000 |
Total inicial | R$ 86.000.000 |
* Estimativa com base no patrimônio da família que foi noticiado.
Isso sem contar o custo invisível: a humilhação pública, o desgaste emocional. A memória do pai reduzida a petições, perícias e notas fiscais de leilões de arte.
Mas de que forma uma sucessão familiar bem-feita poderia ter evitado tudo isso?
Como o Seguro de Vida pode salvar uma sucessão malsucedida
O Seguro de Vida foi o último gesto que o pai esqueceu de fazer. O valor da indenização garantiria o pagamento do imposto, além de preservar a liquidez do patrimônio. Um Seguro de Vida de R$ 100 milhões teria custado menos do que o ego de quem não querer conversar sobre a morte.
Mas não contrataram um Seguro de Vida, peça tão importante para uma sucessão bem-sucedida. Então, a herança virou tragédia. O espólio virou campo de batalha. O pai virou argumento.
Você, que está lendo isto, tem patrimônio, prestígio, filhos — e, com sorte, um pouco de tempo. Saiba que o silêncio não é neutro. Ele protege o mais rápido. Não o mais justo.
Para quem ainda tem tempo: morra planejado ou viva com a culpa de não ter feito nada.
Faça o testamento.
Crie a holding.
Defina os sócios.
Converse.
Ou espere seu nome virar número de processo quando você já não puder defender sua história.
