Sucessão familiar malsucedida ameaça molho de tomate do elefante
Publicado em: 08/09/20255 minsÚltima modificação em: 08/09/2025

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Sucessão familiar malsucedida ameaça legado de molho de tomate do elefante

Irmãos disputam herança de grande marca de molho de tomate após morte do pai. Veja como sucessão familiar malsucedida pode ferir um negócio de décadas.
Papéis são assinados após sucessão familiar malsucedida

Quando o dono da fabricante do molho de tomate do elefante faleceu aos 98 anos, após décadas administrando um conglomerado de negócios bem-sucedidos, ninguém esperava que bastariam algumas semanas para a disputa entre os herdeiros desfazer o que décadas de negócios construíram. Como tantos outros fundadores, o patriarca se foi convencido de que a eternidade lhe devia favores. Assim, sua herança, estimada em bilhões, ficou desamparada por não haver nenhum planejamento sucessório.

A sucessão familiar, uma espécie de “passagem de bastão” da gestão do patrimônio para sucessores, é um processo que, quando bem feito, leva anos de preparação e acontece mesmo antes do falecimento dos fundadores. Um bom planejamento de sucessão previne desentendimentos e deixa claro qual a vontade do falecido — e é aí que vemos que, no caso desta fabricante de molho de tomate, o silêncio do patriarca se tornou a semente da guerra entre os herdeiros.

Mas como acontece uma sucessão malsucedida? E como não cometer os mesmos erros deste caso? Você vai entender melhor isso e outras questões a seguir.

A importância de uma sucessão familiar bem-feita

O patriarca pode ter multiplicado o império da família e conquistado tudo o que a elite paulista da metade do século XX chamava de sucesso, mas não preparou a única coisa que realmente importa quando o corpo esfria: a ordem para depois.

No dia da morte, o inventário já estava no fórum, e nada simboliza melhor a falência da harmonia entre os dois filhos do fundador do que isso. Enquanto o filho, curador após a interdição do pai, entrou com pedido para ajuizar a abertura de inventário, a filha o acusa de esconder R$ 1 bilhão em bens — isso mesmo, um bilhão de reais.

Entre as críticas da irmã estão a suposta venda de obras de arte do pai, o forjamento de dívidas e a ocultação de patrimônios. Já o irmão alega que tudo foi usado para pagar a internação do pai, ainda em vida.

Você acredita em quem? Não importa. Não houve holding. Não houve testamento claro. Não houve protocolo familiar. Se houve Seguro de Vida, ninguém sabe — e se ninguém sabe, é como se não houvesse. Quando a sucessão é malfeita, a verdade perde espaço para a versão com mais advogados. Por isso que sucessão não é coisa de velho; é coisa de gente que ama.

Não planejar a sucessão é uma escolha covarde disfarçada de esperança. É apostar que os filhos vão se entender porque são irmãos — quando, na prática, já não se falavam desde a missa de formatura da sobrinha em 2007.

O pai confiou no tempo, mas se esqueceu de que o tempo é um péssimo advogado de famílias ricas. E a conta de uma sucessão familiar malsucedida chegou: R$ 86 milhões antes mesmo da primeira briga. Vamos aos números. Quem não fala de dinheiro, morre de surpresa:

ItemEstimativa* conservadora
ITCMD (4%)R$ 40.000.000
Custas judiciaisR$ 5.000.000
Honorários advocatícios (4%)R$ 40.000.000
Avaliações e registrosR$ 1.000.000
Total inicialR$ 86.000.000

* Estimativa com base no patrimônio da família que foi noticiado.

Isso sem contar o custo invisível: a humilhação pública, o desgaste emocional. A memória do pai reduzida a petições, perícias e notas fiscais de leilões de arte.

Mas de que forma uma sucessão familiar bem-feita poderia ter evitado tudo isso?

Como o Seguro de Vida pode salvar uma sucessão malsucedida

O Seguro de Vida foi o último gesto que o pai esqueceu de fazer. O valor da indenização garantiria o pagamento do imposto, além de preservar a liquidez do patrimônio. Um Seguro de Vida de R$ 100 milhões teria custado menos do que o ego de quem não querer conversar sobre a morte.

Mas não contrataram um Seguro de Vida, peça tão importante para uma sucessão bem-sucedida. Então, a herança virou tragédia. O espólio virou campo de batalha. O pai virou argumento.

Você, que está lendo isto, tem patrimônio, prestígio, filhos — e, com sorte, um pouco de tempo. Saiba que o silêncio não é neutro. Ele protege o mais rápido. Não o mais justo.

Para quem ainda tem tempo: morra planejado ou viva com a culpa de não ter feito nada.

Faça o testamento.

Crie a holding.

Defina os sócios.

Compre o seguro.

Converse.

Ou espere seu nome virar número de processo quando você já não puder defender sua história.

João Cosme, da Blue3 Investimentos
João Cosme é sócio da Blue3 Investimentos e especialista em Proteção Financeira e Planejamento Sucessório.

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