13/06/20166 min

Casamento

Delícias e desafios da vida a dois

Minha querida e saudosa avó se queixava de não ter tido a felicidade de casar nenhum de seus quatro filhos […]

Minha querida e saudosa avó se queixava de não ter tido a felicidade de casar nenhum de seus quatro filhos na igreja. Sem véu ou grinalda, minhas tias e minha mãe se casaram apenas no civil. Casar, definitivamente, não era uma coisa “cool” nos idos dos anos 70. Muitas achavam que casar de branco, segurando um bouquet, fosse como carimbar o passaporte para uma insossa vida de dona de casa, bem longe das conquistas femininas que efervesciam na década de 70 e 80.

Talvez as mulheres estivessem certas em agir assim. Acredito que elas tenham mesmo precisado negar o conto de fadas e queimar sutiãs para buscar a autonomia que hoje podemos desfrutar. Fato é que esta mudança social possibilitou hoje o nascimento de uma nova geração pós-amor livre que não tem mais motivos para temer assumir compromissos.  Ao contrário, hoje vivenciamos o “auge do casamento por amor”, uma época em que os casais não apenas querem casar e construir uma vida juntos, mas querem viver este momento com muita festa e celebração. Uma época em que os homens choram emocionados ao trocar votos de compromisso e fidelidade. Uma época em que as mulheres podem trabalhar fora enquanto o marido a ajuda a cuidar do bebê. Mudanças enormes que possibilitam não apenas festas de casamentos que nunca foram tão personalizadas, celebradas e felizes como hoje,  mas, especialmente, mudanças em todas as fases, delícias e desafios, que tangem a tão sonhada vida a dois.

De fato, decidir unir sua vida a de uma outra pessoa, com a intenção de fazer dar certo, de enxergar no outro um parceiro de vida, aquele ser especial que a vida nos presenteou para compartilhar este grande exercício que é viver, na alegria e na tristeza, “to have and to hold”, não é pouca coisa não. É digno de muitos brindes de champagne, flores, roupas feitas sob medida, com cada detalhe costurando esta história. E, por tudo isso, acho muito bacana quando o casal escreve seus próprios votos para a vida a dois, decide junto que tipo de festa de casamento terão, o destino e detalhes da lua-de-mel, além de planejar, escolher e decorar a casa nova na qual esta família recém-nascida irá crescer.

Mas nem tudo é tão simples nesta convivência. É preciso equilibrar desejos e demandas não apenas de duas pessoas que se unem, mas de duas famílias que se unem. Famílias que muitas vezes podem ter religiões diferentes, gostos e paladares diferentes. Como conciliar? Como fazer com que algo tão doce como o amor vivencie de fato um rito de passagem bonito e saudável para este casal?

Saber ouvir, saber ceder, saber dizer sim e dizer não, além de uma boa dose de planejamento podem ser bons começos.  E por planejamento podemos pensar, sim, em perder o medo e a preguiça das “chatinhas” planilhas e ter sempre à mão uma boa calculadora. A festa de casamento, por exemplo, com todos os seus custos e sonhos (alguns divergentes), é um ótimo exercício de projeto comum para o casal experimentar a vida comum que começa depois do sim.

Sou casada há seis anos e, desta minha experiência, acredito que o grande segredo para uma união caminhar feliz é aprender a importância do diálogo carinhoso e sincero sobre os projetos comuns.

Onde o casal deseja chegar junto? Os planos profissionais estão alinhados a este projeto? Ter filhos, sim ou não, e quando tê-los? Estabelecer metas. Este é um ponto objetivo, que parece clichê ou banal, mas é seta que vai direcionar os investimentos, os sacrifícios em determinados momentos em nome de um bem maior. Atitudes simples que podem fazer e fazem toda a diferença.

Para ajudar nesta tarefa, selecionei abaixo 5 dicas com assessoria do financista Silvio Hilgert que estabelece um “passo-a-passo” saudável para que o casal consiga estabelecer bases seguras para seguir em frente, cada vez mais unido, próspero e, claro, feliz!

1. Identificar o perfil financeiro do seu parceiro

Talvez por não ser muito romântico, ninguém costuma perguntar ao pretendente: “e aí, como você lida com o teu salário? Você é do tipo descontrolado ou poupador compulsivo?”. Mas muito além da afinidade nos gostos pessoais, a harmonia na forma de lidar com o dinheiro é fundamental para evitar crises e sentimentos de culpa/submissão diante do outro. É preciso que os dois entendam  como o outro funciona. Existem os financistas, os desligados, os poupadores e os gastadores. Como você é? E o teu noivo?

2. Dialogar sempre

Depois de identificar a forma como o parceiro enxerga a própria vida financeira, é necessário conversar sobre onde um e outro podem ceder. É importante estabelecer se os dois salários serão somados para pagar todas as despesas (contas da casa + gastos pessoais de cada um). Ou se cada um paga apenas o que lhe cabe. E se for assim, estabelecer isso de forma clara. E ainda: o que fazer com o dinheiro que sobra? Uma fórmula que costuma funcionar bem é reservar uma parte da renda para uso próprio e outra para os gastos conjuntos. A independência financeira é saudável para as relações amorosas e evita situações desconfortáveis.

3. Construir planos financeiros juntos

Estabelecer as metas prioritárias para o casal, como, por exemplo, comprar uma casa, um carro, viajar por seis meses rodando o mundo, cursar uma pós na Europa… e, a partir delas, traçar estratégias de como alcançá-las. Onde cortar? Quanto poupar todo mês e ao longo de quanto tempo? O segredo é ambos olharem para os mesmos objetivos, assim economizar deixa de ser uma cobrança unilateral. Ao contrario, esta atitude une o casal.

4. Fazer planilha de orçamento doméstico (sim, elas funcionam!)

Depois de estabelecer os sonhos financeiros comuns, é importantíssimo colocar  tudinho no papel. Visualizar estes números ajuda muito não só na organização, mas na conscientização do quanto se perde em pequenos gastos quotidianos. Jantares, cinemas, CDs, biscoitinhos, garrafas de vinho… um perigo!

5. Viver a vida que se pode viver

Este é o mantra de todo santo dia! Acreditar que o crédito é de fato uma cilada. Pagar aluguel anos a fio pode ser muito melhor do que fazer um financiamento de longo prazo. Investir o dinheiro poupado em ações pode fazê-lo render muito mais do que o que se perderia nos juros dos financiamentos.

Este texto foi feito pela blogueira Manoela Cesar do Colher de Chá Noivas. Você também pode segui-la nas no Facebook e Instagram.

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