Saúde mental: como se cuidar em momentos de crise?
Publicado em: 23/07/202124 minsÚltima modificação em: 04/02/2023

Longevidade

Saúde mental: como se cuidar em momentos de crise?

Já parou para pensar como está sua saúde mental? Geralmente, quando falamos em estar saudável, somos remetidos ao organismo físico, e […]

Já parou para pensar como está sua saúde mental? Geralmente, quando falamos em estar saudável, somos remetidos ao organismo físico, e poucas pessoas se preocupam em cuidar para que seus sentimentos e pensamentos estejam em harmonia.

A saúde mental está muito relacionada à forma como reagimos aos desafios, às demandas e às mudanças que ocorrem em nosso cotidiano.

E não é verdade que todos os dias enfrentamos muitos sentimentos diferentes, positivos ou negativos? Isso faz parte da vida. Mas você deve concordar que há momentos em que alguns são mais problemáticos que outros, não é verdade?

A pandemia do coronavírus, por exemplo, impactou completamente nossas atividades diárias e gerou mudanças e preocupações antes ainda não vivenciadas. Como você tem lidado com tudo isso?

Vamos entender o que é a saúde mental, falar sobre maneiras de desenvolvê-la e discutir o que os especialistas têm a dizer sobre a relação entre a pandemia e o controle de nossas emoções.

Traremos também as melhores estratégias para colocar a cabeça em ordem e garantir uma vida equilibrada, mesmo em um cenário ainda cheio de incertezas.

O que é a saúde mental?

Ao contrário da saúde física, que se ocupa das condições do corpo, a saúde mental inclui o bem-estar emocional, psicológico e social. Ela afeta a maneira como as pessoas pensam, sentem e agem.

Além disso, a qualidade da saúde mental determina como uma pessoa reagirá a situações de estresse, como ela se relacionará com outros seres humanos e de que forma tomará decisões.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), conforme citado em artigo publicado pela Sociedade Portuguesa de Psicologia da Saúde,

a saúde mental é um estado de bem-estar no qual o indivíduo exprime as suas capacidades, enfrenta os estressores normais da vida, trabalha produtivamente e de modo frutífero, e contribui para a sua comunidade.

É possível afirmar, portanto, que a saúde mental impacta todas as áreas e etapas da nossa vida: da infância até a velhice; das relações pessoais até o trabalho; da autoestima até a maneira de lidar com as finanças.

Doenças psicossomáticas

A saúde mental afeta o humor, os pensamentos e os comportamentos. Somado a isso, ela exerce alta influência também sobre a própria saúde física. Cientificamente, é chamado de psicossomatização, um processo através do qual as questões psicológicas se transformam em sintomas físicos.

De acordo com o Instituto de Psiquiatria Paulista, as doenças psicossomáticas têm origem nos problemas emocionais de uma pessoa e representam a ligação direta entre a saúde emocional e a física.

Em outras palavras, a psicossomatização é o processo no qual o sofrimento psicológico, de algum modo, causa ou agrava uma doença física.

Como esse processo não é visível ou tangível da mesma forma que uma doença ou condição puramente física (como uma fratura), muitas vezes a confirmação do diagnóstico é um desafio.

Em geral, quanto menos consciente uma sociedade é a respeito da saúde mental, maior se torna a complexidade para diagnosticar doenças psicossomáticas.

Qual é a sua importância na vida das pessoas?

Conforme citado, a saúde mental tem impacto em todas as áreas da vida humana, assim como em todas as fases do nosso desenvolvimento. O instituto Pine Rest Christian Mental Health Services divulga que as doenças de origem mental afetam 19% da população adulta, 46% dos adolescentes e 13% das crianças a cada ano.

Esses percentuais mostram que pessoas com dificuldades na saúde mental podem estar muito próximas, incluindo familiares, amigos, filhos, vizinhos e, é claro, cada um de nós. Isso se mostra verdadeiro especialmente em um momento como o da pandemia.

No entanto, pelo fato de serem problemas silenciosos, a saúde mental costuma receber menos atenção e sofrer um certo preconceito. Para tornar ainda mais clara a importância da saúde mental em nossas vidas, há 3 fatores principais que podemos destacar.

Redução de doenças físicas

Como vimos, a saúde mental é fundamental para prevenir, tratar e reduzir as chamadas doenças psicossomáticas, aquelas que têm fundo emocional.

Em contextos desafiadores, como o da COVID-19 e isolamento social, o agravamento de condições de saúde física a partir de instabilidades emocionais torna-se muito mais comum. Falaremos em mais detalhes sobre essa relação nos próximos trechos deste artigo.

Prevenção do suicídio

Ainda de acordo com o Pine Rest Christian Mental Health Services, as duas condições de saúde mais comuns associadas à saúde mental são os transtornos de ansiedade e de humor.

Mais de 18% dos adultos enfrentam, a cada ano, algum tipo de transtorno de ansiedade, incluindo estresse pós-traumático, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), ataques de pânico, ansiedade geral e fobias específicas.

Além disso, os transtornos de humor, que trazem casos como depressão e depressão bipolar, afetam perto de 10% dos adultos.

Essas desordens, quando não controladas, podem levar até mesmo a casos de suicídio. Portanto, essa é a seriedade com a qual a saúde mental precisa ser tratada: uma questão realmente de vida ou morte.

Aumento da performance e da felicidade

Saúde mental não está relacionada somente à prevenção ou tratamento, mas também ao alcance de objetivos e ao crescimento pessoal e profissional.

Para quem deseja aumentar sua performance no trabalho ou simplesmente ser mais feliz, a saúde mental é um pré-requisito básico. Pessoas que cuidam de suas emoções e de suas questões psicológicas têm mais facilidade para aprender coisas novas, desenvolver novas habilidades, tomar decisões importantes, lidar com desafios profissionais e conviver em harmonia com colegas de trabalho.

Por todos esses motivos, a saúde mental anda lado a lado com o crescimento de carreira e de vida.

Quais são os aspectos determinantes da saúde mental?

Sabendo da importância da saúde mental para evitar transtornos psicológicos, prevenir e cuidar de doenças físicas e promover o crescimento pessoal e profissional, é fundamental compreender quais são os aspectos-chave que determinam ou influenciam a saúde mental. Veja a seguir.

Fatores sociais

Aqui entram, por exemplo, a convivência com pessoas próximas ou a falta de interação social. O isolamento promovido pela pandemia trouxe desafios nesse sentido, pois, ao se isolar, o ser humano pode desenvolver transtornos psicológicos.

Da mesma maneira, a convivência muito próxima e ininterrupta com pessoas na nossa casa pode acentuar diferenças e gerar desentendimentos que precisam ser gerenciados do ponto de vista do equilíbrio mental e emocional.

Fatores genéticos e fisiológicos

Os genes de uma pessoa também podem influenciar a facilidade ou dificuldade que ela tem de lidar com certas questões mentais e emocionais. Em alguns casos, condições genéticas podem levar a transtornos psicológicos específicos.

Porém, também é possível cuidar da sua química cerebral. Ao cultivar bons hábitos, por exemplo, o ser humano altera sua própria produção hormonal, melhorando a bioquímica do corpo e prevenindo problemas de ordem mental.

Fatores psicológicos

Experiências de vida, como traumas ou abusos, são outro tipo de fator com grande influência sobre a saúde mental do indivíduo. Há pessoas que, mesmo com uma grande dedicação aos cuidados emocionais e psicológicos, precisam de um acompanhamento cuidadoso e contínuo para assegurar sua saúde mental.

Fatores ambientais

Quando falamos do ambiente ao nosso redor, nos referimos a todo o contexto no qual estamos inseridos: desde a casa na qual vivemos até o momento global de saúde.

No caso da COVID-19, não há como negar que os fatores externos (vírus, saúde, economia, intervenções governamentais, mudanças nas formas de trabalho) afetam o dia a dia das pessoas e mexem com sua saúde mental.

Existe uma real relação da COVID-19 com a saúde mental da população mundial?

Ainda não existem trabalhos científicos que comprovem alguma relação direta entre o vírus causador da COVID-19 e a saúde emocional. A relação está, na verdade, entre o isolamento social e os danos psicológicos decorrentes desse confinamento.

Um trabalho realizado pela pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Débora Noal e profissionais do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde (Cepedes) destacam que sentimentos de estresse, falta de controle, incertezas, confusão e estado de alerta podem ser considerados normais diante de uma pandemia desse porte.

Essa reação, no entanto, não necessariamente deve ser caracterizada como “doença”, uma vez que, diante dessa situação anormal, tais manifestações são naturais.

Por outro lado, segundo os pesquisadores, o estimado é que um número entre um terço e a metade da população exposta à pandemia apresente um quadro realmente psicopatológico se não houver intervenção médica.

Entendida essa relação entre a pandemia do coronavírus e a saúde mental, vamos detalhar alguns sintomas específicos que os impactos do coronavírus podem desencadear nas pessoas.

Quais são os principais danos psicológicos ligados à pandemia?

Uma declaração da Organização Mundial de Saúde (OMS) expressa preocupação com relação ao impacto psicológico da pandemia na saúde pública. Segundo o órgão, à proporção que novas medidas de restrição são introduzidas, é esperado que se agravem quadros de:

• solidão;

• depressão;

• autoagressão;

• comportamento suicida;

• instalação ou agravamento de vícios em álcool e drogas.

Mental Health America (MHA) está fazendo um trabalho bem interessante de monitoramento de saúde mental com base em um banco de dados exclusivo.

A organização percebeu um aumento de 19% em casos de ansiedade clínica nas primeiras semanas de fevereiro e 12% na primeira quinzena de março.

Por meio do Programa de Triagem, o MHA levantou dados preocupantes sobre a saúde mental entre os americanos nessa época da pandemia:

• 10.193 pessoas apresentaram depressão de moderada a grave;

• 7.629 relataram ansiedade de moderada a grave;

• entre março e abril da pandemia, quase 14 mil pessoas consideram o suicídio ou algum tipo de autoagressão.

O TOC é outro problema que pode se agravar ou mesmo se desenvolver como consequência das medidas de proteção recomendadas contra a COVID-19.

Assim, alguns quadros psicopatológicos podem se atenuar ou mesmo surgir em uma pessoa antes saudável.

Esses dados são internacionais. O que podemos dizer sobre a saúde mental no Brasil? A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) fez um levantamento com cerca de 400 médicos especialistas em todo o território nacional para fazer um diagnóstico do panorama dos atendimentos psiquiátricos no país. Os principais resultados foram os seguintes:

• 47,9% dos profissionais de saúde entrevistados informaram um aumento em atendimentos;

• 67,3% dos casos eram de novos pacientes, ou seja, que nunca haviam apresentado problemas psiquiátricos;

• 69,3% dos psiquiatras afirmaram ter atendido pacientes que tiveram recaída em tratamentos já finalizados;

• 89,2% disseram que o agravamento se deu por conta da pandemia da COVID-19;

• 44,6% dos médicos psiquiatras que não apresentaram aumento nos atendimentos alegaram que a queda nas consultas ocorreu principalmente devido a pessoas com medo de contaminação, restrição de circulação de algumas regiões e pacientes em grupo de risco.

Apesar dessas constatações, a maior parte dos casos não vai evoluir para situações clínicas. Por outro lado, há sintomas que se manifestam em nosso dia a dia e dificultam bastante o esforço de manter-se produtivo. Por que isso acontece?

Um levantamento feito pelo Centro de Inovação da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGVin) constatou que 56% dos brasileiros em home office enfrentam dificuldades de conciliar as responsabilidades profissionais com a vida pessoal. 39% acham difícil manter uma boa rotina de horários equilibrados.

Improdutividade, ansiedade, depressão ou solidão. Seja o que for, existem estratégias que você pode colocar em prática hoje mesmo a fim de cuidar da sua saúde mental. Vamos compartilhar algumas das principais recomendações para lidar com esses sentimentos!

Como não se sentir tão sozinho em tempos de COVID-19?

isolamento social é uma das recomendações de prevenção contra a COVID-19. E como é difícil ficar longe dos amigos e da família! Isso só intensifica os sentimentos de solidão. Mas saiba que é possível sim amenizar o aperto no peito. Veja só!

A tecnologia está aí para nos ajudar

Conectar-se virtualmente é uma forma de manter a saúde mental na quarentena

As redes sociais são um grande aliado na hora de pôr uma pedra sobre a solidão. Essa foi a recomendação do psicólogo Jamil Zaki, do Laboratório de Neurociências Sociais da Universidade de Stanford.

Interessante é o fato de ele repensar a ideia de “distanciamento social”. Segundo o pesquisador, precisamos encarar o que vivemos como um “distanciamento físico”, pois diversas ferramentas tecnológicas permitem que o “social” permaneça vivo.

Ele destaca algumas plataformas, como FaceTime e Zoom, que garantem o contato com amigos e familiares por videoconferência. Aqui no Brasil, as ligações de vídeo pelo WhatsApp também são muito populares.

É verdade que nada se compara a um abraço caloroso, mas olhar nos olhos e ouvir a voz das pessoas que amamos, mesmo virtualmente, é um afago para alma.

Zaki destaca que a pouca familiaridade dos idosos com as tecnologias pode ser um fator limitante aos nossos queridos avós.

Por isso, ele ressalta a importância de ajudá-los com essas ferramentas, mas lembra também de outras maneiras que nos permitem tirar deles a solidão, referindo-se aos italianos cantando e tocando em suas varandas.

É só uma questão de ponto de vista

A solidão experimentada pela imposição do distanciamento social pode abrir uma boa oportunidade para cultivarmos sentimentos e hábitos importantes ao nosso bem-estar físico e mental.

Por exemplo, você gosta da sua própria companhia? Consegue curtir sozinho seus próprios pensamentos, ideias e hobbies?

Nesta época da pandemia do coronavírus, muitos têm ressignificado o estar sozinho e conseguem retomar projetos pessoais que antes estavam perdidos por causa da quantidade de responsabilidades e da intensidade de relações sociais.

Então, que tal ler aquele livro que está lá parado na prateleira (ou quem sabe iniciar a escrita de seu próprio romance)?

Além disso, em momentos em que não é possível manter o contato com pessoas “lá de fora”, pode ser a hora exata para praticar o autocuidado.

Em todo esse contexto, você começa a perceber que a solidão sai do casulo e se transforma em uma borboleta que se chama solitude — é só uma questão de ponto de vista.

O excesso de notícias pode atrapalhar

Em um momento de pandemia, os números chocantes de infectados e de mortes pode ter um impacto ainda mais negativo em quem está isolado.

Existem também muitas notícias falsas e exageradas que aumentam nossa ansiedade. E mesmo para o que for verdade, o excesso de informações nos deixa em um constante estado mental de alerta, dificultando nossa capacidade de pensar com clareza e de relaxar.

Então, sozinho em casa, você pode escolher estar em companhia de mensagens positivas ou atolar sua mente com pensamentos negativos. Isso é uma decisão.

Por isso, seja seletivo e, se precisar se atualizar com os acontecimentos do “mundo exterior”, não faça isso todo o tempo.

Como lidar com a procrastinação durante a quarentena?

É verdade que existem pesquisas com dados muito positivos sobre o aumento de produtividade no trabalho em home office.

Uma pesquisa da Gallup, por exemplo, chegou a constatar um avanço de 43% de eficiência entre funcionários americanos que experimentaram cumprir suas atividades profissionais fora do escritório da empresa.

Apesar disso, estamos vivenciando um período diferente da nossa história. A mesma pesquisa do FGVin citada anteriormente revelou que 42,7% dos colaboradores trabalhando em casa afirmaram ser fácil manter a produtividade. Ou seja, a maior parte tem enfrentado dificuldades.

Mas não é para desanimar! Selecionamos a seguir as principais dicas para você alavancar seus resultados de trabalho no home office e afugentar a procrastinação!

Reserve um ambiente dedicado ao trabalho

Trabalhar com TV ligada, pessoas falando e conversas aleatórias é um verdadeiro tiro no pé. Você precisa se afastar de tudo que poderia tirar o seu foco. Uma das melhores formas de fazer isso é escolher um local mais tranquilo da sua casa para se concentrar nas tarefas.

Esvazie-se

Você pode se livrar de todas as distrações ao seu redor, mas às vezes o que tira o seu foco está dentro de você. É aquele “comichão” que dá para abrir outra aba no navegador e conferir as últimas notícias sobre a pandemia, para consultar uma informação aleatória que passou pela cabeça, ou mesmo para pegar o celular e verificar se tem alguma notificação.

Algumas técnicas ajudam a se livrar dessa vontade insana que vem do nada só para tirar sua concentração:

• tenha ao seu lado um pequeno bloco de notas — ou pode ser uma simples folha de papel. Daí, anote tudo o que passar na sua mente que poderia retirar sua atenção. Alguns chamam essa ferramenta de “folha de distrações”. Ela é realmente muito útil;

• respire fundo e conte até dez. Pode parecer bobeira, mas se trata de uma técnica de concentração que ajuda você a se recolocar em seu centro de foco, aliviando a tensão inicial de fazer outra coisa que não seja trabalhar.

Crie e acompanhe seus próprios indicadores de desempenho

Você não precisa ser uma empresa para acompanhar sua performance. Afinal, serão os números que vão dar uma noção exata do quanto você está produzindo.

Os indicadores que você vai criar dependem da natureza da sua atividade. Eles podem basear-se em horas de trabalho cumpridas, valores em dinheiro produzidos por dia, número de chamadas resolvidas ou quantidade de tarefas entregues.

O mais importante é que os seus registros possam ajudar você a avaliar sua produtividade a cada dia, semana e mês. A partir dessas informações, é possível seguir para a próxima dica: as metas!

Defina metas de trabalho

É muito provável que você saiba o quanto produzia antes da pandemia. Com base nisso, por que não cria metas de produção?

Mas tome o cuidado para não definir prazos e volumes de tarefas irreais ou não condizentes com sua situação atual. Isso pode gerar ainda mais estresse e uma consequente improdutividade.

Faça lista de tarefas

Criar uma lista de afazeres é um método simples, mas muito eficaz para contribuir com a sua saúde mental.

Essa foi a constatação feita por Daniel Levitin, neurocientista e autor do livro The Organized Mind (A Mente Organizada), em entrevista ao Science of Us.

O pesquisador afirma que fazer listas nos ajuda a ficar menos estressados. Além disso, ele preza a escrita à mão, pois é uma forma concreta de externalizar memórias.

Ele acrescenta que a atenção da nossa mente se limita a três tarefas por vez, de modo que é mais eficaz mantermos nossas listas simples e pequenas.

Descubra a sua dor e seja racional

Em algumas situações, não tem jeito: aflições e grandes preocupações podem até nos paralisar e tirar completamente a nossa produtividade — e, como vimos, essas reações face à pandemia são naturais.

Mas permitir que essas condições perdurem pode trazer grandes prejuízos à sua vida pessoal e profissional.

Assim, tente definir qual é o foco do seu problema, ou seja, o que está causando sofrimento.

Pode ser estranho, mas nem sempre sabemos o que realmente está gerando a dor emocional, especialmente se as incertezas causadas pela pandemia estão nesse contexto. Por isso, tente ser racional.

Entenda o que está sendo o motivo de preocupação e classifique aquilo que é real do que é apenas uma suposição. Se existe uma apreensão justificada, tome ações práticas para resolvê-la. Para além disso, não fantasie aquilo que não aconteceu.

Mas se o problema envolve outras pessoas? Combine com elas um prazo para pensar na questão.

Assim, você vai ter uma hora certa para lidar com o assunto, usando sua força produtiva para focar o que é mais importante no momento.

Como lidar com as crianças na quarentena?

As crianças também precisam de nossos cuidados. Com as medidas protetivas de isolamento social, as aulas presenciais foram suspensas, e os pequenos passam o dia todo em casa.

Como ficam os pais? Muitos se sentem sobrecarregados com as responsabilidades de cuidar da casa, trabalhar e dar conta dos filhos. O que fazer?

Lembre-se de pegar leve consigo

Será que você está esperando ter o mesmo nível de produtividade que tinha antes da quarentena?

Lembre-se de que, trabalhando na empresa, você estava em um ambiente ideal e até então sem preocupações adicionais.

Mas agora o cenário é outro. Então, não se cobre tanto. Isso vai refletir bastante na forma como os pais vão lidar com os filhotes.

Ofereça explicações para as crianças

Muitas vezes, pensamos que as crianças não entendem o que está acontecendo ou que elas não precisam de informações sobre a pandemia, mas isso não é verdade.

Como afirma a psicóloga Cibele Marras, autora de Psicologia das Emergências, existe sim certa limitação cognitiva, mas é importante conversar com os filhos para explicar a situação.

Afinal, são necessárias inúmeras medidas de proteção, como uso de máscaras e higienização frequente das mãos, e eles precisam entender o motivo.

Cuide dos pequenos corações

Nossas crianças estão sendo afastadas de amigos, de parentes e de outras pessoas queridas, como os avós.

É natural que sintam falta e vez por outra façam birra exigindo seu direito de ir e vir. Esses sentimentos não devem ser negligenciados, pois a saudade dói neles da mesma forma que machuca em nós.

Assim, se for possível, mantenha a convivência com pessoas que já cuidavam dos filhos. Eles precisam ficar perto de pessoas em que confiam. Quando isso não for viável, você pode apostar no contato virtual.

Mantenha uma rotina

A rotina é um porto seguro. Ela passa a sensação de normalidade e ajuda a aliviar a ansiedade dos pequenos.

Por isso, tente manter seus hábitos no dia a dia deles: hora de acordar, tomar café, ver TV, brincar, ler livrinhos, entre outras atividades programadas.

Aqui vale uma ressalva: a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda evitar que crianças menores de dois anos fiquem expostas às telas. Então, para os pimpolhos, busque alternativas.

Divirtam-se juntos

Aproveite o tempo para combinar atividades criativas, divertidas e dinâmicas com as crianças. Com certeza eles precisam gastar energia, e os jogos são uma ótima válvula de escape.

Além disso, veja a situação por um viés positivo. Encare o momento como uma grande oportunidade de passar mais tempo com os pequenos.

Quais são as melhores estratégias para cuidar da saúde mental?

É verdade que todos estamos preocupados com nossa saúde física, pois é a primeira que sofre os sintomas em casos de coronavírus.

Mas é preciso adotar estratégias inteligentes para não perder a cabeça e manter os sentimentos e pensamentos sob controle. A seguir, vamos compartilhar recomendações adicionais e muito práticas!

Criar uma rotina equilibrada

Já pontuamos a necessidade de manter uma rotina para ajudar nossas crianças a lidar com a quarentena.

Esse mesmo conselho também serve para os adultos. É importante que, na medida do possível, nosso cotidiano seja semelhante ao que tínhamos antes da pandemia.

Isso é possível mesmo que estejamos confinados e trabalhando em home office. Se foi necessário mudar radicalmente a rotina, crie padrões e interrompa o desenvolvimento de maus hábitos:

• vá para a cama, acorde e alimente-se sempre nos mesmos horários;

• tenha hora certa para começar e terminar o trabalho;

• lembre-se de que você não está de férias;

• evite ficar de pijama o dia todo;

• limite momentos para entretenimento, assim como fazia antes.

Alimentar-se de forma saudável

Em quarentena e com a ansiedade em alta, é muito fácil descontar tudo na comida. Então, fique de olho! Alguns hábitos vão contribuir para uma boa rotina alimentar:

• fuja dos lanches fora de hora;

• prepare sua própria alimentação com receitas equilibradas e nutritivas, como peixes, nozes, folhas escuras e leguminosas, além de fibras e de gorduras saudáveis, como azeite e gema de ovo;

• planeje suas refeições ao longo do dia para evitar que a falta de opções leve você para os doces;

• não compre besteiras.

Não ficar sedentário

Mesmo na quarentena, você pode praticar exercícios e movimentar-se. Abdominais, agachamentos e prancha são algumas das opções.

Uma boa dica é acompanhar canais no YouTube que ensinam a fazer atividades em casa sem precisar de equipamentos.

Os exercícios físicos relaxam o corpo e promovem a sensação de bem-estar que auxilia na nossa saúde mental.

Adotar práticas meditativas

Existem diferentes formas de meditação, mas ela consiste basicamente em cuidar da respiração e dar atenção ao corpo.

A recomendação é começar fazendo sessões breves de até três minutos todos os dias, e depois ir estendendo para dez ou quinze minutos ao passo que for ficando mais confortável.

Buscar terapia online

Em casos que se encaminham para problemas clínicos, os atendimentos online são uma ótima opção.

A psicanalista Cláudia Catão, do Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo) alerta, no entanto, que não é necessário esperar a situação se agravar para procurar ajuda médica.

É bom lembrar que a terapia por meio de tecnologias foi autorizada pela resolução 11/2018 do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e, com a pandemia, a prática foi ainda mais flexibilizada para o atendimento online. Mas é importante seguir algumas recomendações:

• o profissional precisa estar cadastrado no e-psi;

• ambos precisam se comportar como se estivessem em um consultório;

• tome cuidado com os dados que você compartilha no ambiente online.

Manter a saúde mental em tempos de pandemia não é fácil. Muitas ansiedades e sentimentos negativos podem povoar nossos pensamentos e impactar negativamente a produtividade e o bem-estar da família. Por isso, siga essas recomendações compartilhadas por especialistas e lembre-se de que tudo isso vai passar!

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