Tudo o que você faz do momento em que acorda até se deitar novamente envolve algum planejamento de curto, médio ou longo prazo. Você faz planos para definir o que vai fazer durante o dia, como vai organizar a casa para receber os amigos e até para fazer compras no supermercado.
Ainda que você não perceba, o gerenciamento da vida exige um nível mínimo de planejamento. Geralmente, a maioria dos planos que você faz são ações de curto prazo e mais próximas do seu cotidiano.
Mas o ato de planejar pode ser estendido também para a organização de suas finanças e para a realização de projetos pessoais e sonhos. Planejamento financeiro a curto prazo, ou mesmo com relação a períodos mais extensos, não é tão complicado como pode parecer.
Depende prioritariamente da sua motivação em relação aos seus objetivos. Quer aprender como fazer? Então aqui vão algumas dicas básicas de como começar!
Planejamento financeiro a curto prazo
Estabeleça seus objetivos
O primeiro passo para começar o planejamento é definir quais são os seus objetivos. Qual é o seu sonho? Quer comprar uma casa, fazer uma reserva financeira ou garantir a educação dos seus filhos?
Pode ser um desses, podem ser os três, ou mais. Após definir o que deseja atingir, faça uma lista que você possa consultar de vez em quando. Priorize seus objetivos e os classifique pelo prazo: curto, médio e longo.
Elimine as dívidas de seu radar
Em maio de 2017, o Brasil tinha 61 milhões de endividados. Em junho, esse número caiu: 400 mil pessoas saíram dessa lista.
Se você permaneceu nela, é importante centralizar esforços para amortizar financiamentos, cobrir rombos no cheque especial ou quitar os acúmulos decorrentes do pagamento mínimo do cartão de crédito.
Aliás, poucas linhas de crédito têm tanto potencial de empobrecimento quanto essas duas últimas citadas acima. Apesar de terem chegado ao menor nível em 2017, os juros do cheque especial ainda alcançam a incrível marca de 321,3% ao ano.
Já os juros do rotativo do cartão ficam em 223,8%. Agora, apenas imagine o quanto você teria se todos esses juros estivessem disponíveis para um investimento em renda fixa, por exemplo.
Planejamento financeiro a curto prazo passa, necessariamente, pela eliminação total de dívidas consideradas “nocivas”.
Controle suas receitas e despesas com “mãos de ferro”
O estatístico William Deming dizia que
“não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define, não se define o que não se entende, e não há sucesso no que não se gerencia”.
Corretíssimo, não é mesmo? De fato, se você não tem controle sobre o quanto ganha e quanto pode poupar, dificilmente atingirá seus projetos de estabilidade financeira.
O problema é que mais de 40% dos brasileiros não sabem ao certo quanto ganham. Pior, cerca de 28,6% sequer sabem quanto são seus gastos básicos.
Agora pense: é possível enriquecer sem qualquer controle sobre seu orçamento doméstico?
Crie o hábito de registrar em um aplicativo especializado (ou mesmo em uma planilha) todas as suas entradas e saídas. Exatamente como em uma empresa, você administrará seu fluxo financeiro com rigor, sem desprezar pequenas quantias e, evidentemente, cortando gastos supérfluos.
A simples renegociação de seu plano de pacote de dados ou de sua academia já pode provocar sobras significativas em suas finanças pessoais. Planejamento financeiro a curto prazo bem-sucedido envolve adotar uma postura aguerrida pelos seus rendimentos mensais.
Estabeleça uma meta de poupança mensal
Os projetos de curto prazo são os que você deseja realizar em até um ano. Uma pequena reforma, uma festa de aniversário, trocar o carro. Para poupar para esses projetos, o ideal é começar a juntar pequenas quantias mensais. Vale o quanto puder, mesmo que considere pouco. O importante é começar — e quanto antes.
Para guardar o dinheiro, você pode, assim que receber seu salário, transferir o que deseja para uma poupança. Em alguns bancos você consegue programar essa transferência automaticamente.
Quanto menos contato você tiver com essa reserva, maiores serão as chances de não gastar o dinheiro. Uma vez que você esteja livre de dívidas, talvez seja possível fixar uma meta ousada de 30% ou 40% de seus rendimentos.
Na verdade, se somente for possível salvar 10% todos os meses, seu esforço não será em vão. Suponhamos que você tenha um salário líquido de R$ 8 mil e decida aplicar 10% desse montante todos os meses.
Em cinco anos, você alcançaria cerca de R$ 65 mil investindo no Tesouro Direto ou pouco mais de R$ 60 mil aplicando em caderneta de poupança.
Vale lembrar que, se os planos forem de longo prazo, é possível obter resultados bem superiores com investimento em planos de previdência privada (no modelo PGBL, por exemplo, você consegue, inclusive, abater o valor investido da base de cálculo da Declaração Anual de Ajuste de IR).
Projetos de médio prazo
Se o seu objetivo leva de um a cinco anos para ser atingido, ele é considerado de médio prazo. A casa própria, um pequeno negócio, uma viagem especial. Para os projetos de médio prazo, você pode estudar outros tipos de investimento com um risco moderado, como fundos de ações.
Dê preferência a aplicações com alto potencial de liquidez
Recomendação também válida para o planejamento financeiro a curto prazo: quem está buscando ampliar seu capital em um período de até cinco anos, deve dar preferência a ativos de maior liquidez, que permitem recuperação do capital investido com rapidez em caso de necessidade.
Uma das opções são os títulos do Tesouro Direto, que têm liquidez diária (o próprio Tesouro Nacional compra os títulos após o fechamento do mercado).
Se sua intenção é ter uma proteção financeira sólida, um seguro de vida resgatável (que possibilita o retorno do capital após um período de carência) é também uma estratégia inteligente, mas, infelizmente, ainda não tão conhecida pelos brasileiros.
Aproveite seus ganhos eventuais
Além de reservar uma quantia mensal, aproveite seus ganhos eventuais, como participação em lucros, restituição do imposto de renda, entre outros. Assim você pode chegar mais rápido à quantia necessária para realizar o seu objetivo.
Outra dica é conferir periodicamente o orçamento doméstico e checar se existem gastos desnecessários que possam ser cortados para aumentar o seu poder de poupança.
Embora seja um planejamento financeiro a curto prazo, esse tipo de cautela ajuda a consolidar um cenário favorável para o investidor em períodos mais extensos.
Planejamento financeiro de longo prazo
Quando o plano é poupar para previdência, para a educação dos filhos ou projetos com mais de cinco anos, liste-o como longo prazo. Nesse caso, defina em quanto tempo quer realizar o projeto e busque a melhor forma de poupar de acordo com o seu perfil.
Se você é do tipo que não pode ver uma reserva que pega o dinheiro para viajar, prefira investimentos que podem ser encarados como uma conta mensal.
Não abra mão de um investimento em previdência privada
A previdência privada é uma opção para esse perfil citado acima. Mas, antes de contratar, entenda como é composto o fundo que integra seu plano (pode ser um fundo de renda fixa ou de renda variável, atrelado à inflação ou ao câmbio).
Para investimentos de longo prazo, é fundamental avaliar os detalhes e, se possível, contar com a ajuda de um especialista para auxiliar você na melhor escolha.
Diversifique suas aplicações
Há um ditado que recomenda que “não coloquemos todos os ovos na mesma cesta”. No mercado financeiro, essa máxima se encaixa perfeitamente, uma vez que a diversificação dos investimentos dilui riscos e reduz o impacto de eventuais perdas.
O ideal é que você tenha uma carteira de investimentos composta por títulos de renda fixa (CDB, Tesouro Direto, LCI/LCA, por exemplo), renda variável (ações, fundos cambiais, etc.), além de um bom plano de previdência privada e seguro de vida.
A proporção em que seu capital deve ser repartido em relação a todos esses ativos depende da análise do perfil do investidor, envolvendo questões como poder de renda, grau de estabilidade profissional, tolerância ao risco, idade, objetivos, entre outras muitas variáveis.
Proteja-se da inflação
Um segredo da arte de multiplicar patrimônio é conseguir auferir ganhos que superem as perdas causadas pela inflação. E, nesse quesito, tanto faz se estamos falando de planejamento financeiro a curto prazo ou com foco em períodos mais longos.
Para evitar que seu poder de compra seja corroído pela inflação, especialistas recomendam que parte de seus recursos seja alocada em investimentos atrelados à inflação, como seria o caso de um Tesouro IPCA + Juros Semestrais, que paga uma parte em juros prefixados e outra correspondente à inflação do período.
Agende seus investimentos
Esse instrumento pode ser usado para sistematizar diversas aplicações financeiras. Você pode fazer isso não somente com a caderneta de poupança, como também com fundos de investimento, Tesouro Direto e até previdência privada!
Esse tipo de estratégia é especialmente válida para aqueles que têm dificuldade de se organizar financeiramente, o que acaba fazendo com que nunca sobre os recursos necessários para pensar em investir.
Vale lembrar, por fim, que é essencial que todas as estratégias traçadas sejam revistas periodicamente (inclusive os investimentos realizados). Isso porque o dinamismo da economia traz novas oportunidades e constantes alterações de cenários, o que impõe desvio de curso, realocação de ativos, entre outras iniciativas.
Quando você começa a se planejar e a ver resultados, a experiência vira um hábito. Portanto, antes de desistir, tente pelo menos por um ano. Afinal, o que está em jogo é a realização do que você considera importante para a sua vida.
Agora que você compreendeu que planejamento financeiro a curto prazo é uma sucessão de ações que consolidam um futuro com maior potencial de multiplicação de patrimônio, que tal se aprofundar ainda mais sobre o assunto, baixando nosso e-Book sobre planejamento familiar? Até a próxima!