Crianças aprendem pelo exemplo. Não adianta falar sobre economia se, em casa, elas veem gastos descontrolados ou promessas quebradas. Os pais são os principais professores quando o assunto é dinheiro. E, ao contrário do que muitos pensam, não é preciso esperar a adolescência para começar a ensinar a educação financeira infantil.
Por isso, este conteúdo foi desenvolvido para a 12ª Semana Nacional de Educação Financeira, com foco especial em promover a autonomia financeira de crianças e jovens. O momento ideal para começar é agora — e você está prestes a descobrir como.
O que é educação financeira infantil?
A educação financeira infantil se refere o processo de ensinar às crianças conceitos básicos sobre o uso consciente do dinheiro desde os primeiros anos de vida. Essa prática estimula a habilidade de poupar quantias e planejamento financeiro mais para frente, quando a criança crescer.
Essa educação também é capaz de formar adultos preparados para lidar com os desafios financeiros da vida adulta e capazes de tomar decisões mais equilibradas e sustentáveis.
Por que praticar a educação financeira infantil?
A infância é o melhor momento para ensinar hábitos e valores que acompanharão os seus filhos ao longo da vida. Quando uma criança aprende que o dinheiro não é infinito, que ele precisa ser conquistado com esforço e que suas escolhas têm consequências, ela começa a desenvolver senso de responsabilidade, planejamento e paciência.
Além disso, envolver as crianças no planejamento financeiro familiar pode fortalecer os vínculos familiares, estimular o diálogo e contribuir para uma relação mais saudável com o dinheiro desde cedo.
Dicas para ensinar educação financeira infantil
Confira abaixo as dicas que preparamos sobre educação financeira para crianças. Acompanhar este artigo é altamente recomendável, até porque, lembre-se que se seu filho for um adulto endividado, é a seu socorro que ele correrá. Melhor prevenir isso com formação desde cedo, certo? Então mãos à obra!
1. Aproveite o momento em que elas começam a contar
Sua criança já começou a aprender a contar? Então você já pode começar a introduzir a educação financeira por meio de atividades lúdicas ou desenhos animados que mostrem à criança a importância de guardar parte do que se tem.
2. Use a mesada como laboratório para o aprendizado
Além de estimulá-la com jogos e leituras de livros infantis sobre educação financeira, use a mesada como um momento em que a criança pode simular tudo o que vem aprendendo de vocês (pais) ou dos materiais que lhe são oferecidos.
A mesada deve ser uma “prova prática” sobre como a criança está assimilando seus conhecimentos sobre educação financeira.
Mas atenção: nada de relacionar mesada a estudo! A criança deve entender desde cedo que, assim como os adultos, ela também possui algumas obrigações que devem ser cumpridas e uma delas é o estudo, o qual está completamente desvinculado a prêmios financeiros. Ela não deve receber um prêmio por boas notas. Estudar é responsabilidade da criança e ela deve entender isto.
3. Mostre a importância de poupar e de gastar melhor o dinheiro
O dinheiro é apenas um instrumento para que alcancemos nossos sonhos e objetivos materiais. Isso deve ficar claro para a criança desde os primeiros anos de vida. Há uma parcela do que ganhamos que deve ser usada para lazer, outra para investimentos.
E você pode mostrar isso, na prática, adesivando 4 “cofrinhos porquinhos”, cada um contendo respectivamente as palavras “investimento”, “doação”, “despesas” e “poupança”.
O porquinho “despesas” se destina ao cumprimento de objetivos de curto prazo, caso de um lanche ou um sorvete, por exemplo. O porquinho “poupança”, por sua vez, deve ser direcionado para objetivos de médio prazo (caso de um brinquedo, que só poderá ser comprado com alguns meses/anos de economia).
Já a conta “investimentos” deve se relacionar ao longo prazo, uma reserva financeira para a vida da criança. O último cofrinho é “doação”, uma vez que é imprescindível estimular desde pequeno o filho a ser altruísta.
4. Não cometa os “4 erros crassos” da educação infantil
- Dar ao filho tudo o que você não teve;
- Tentar fazer seu filho feliz 100% do tempo;
- Comprar bom comportamento;
- Não entender que o melhor exemplo vem de casa;
Autoexplicativo, não? A propósito, você comete alguns desses erros?
5. Fale sobre o poder do tempo
Paciência é uma virtude ausente na maioria das crianças de hoje. Na era do imediatismo impulsionado pela internet, pelo celular e pelas redes sociais, todos querem tudo e para ontem.
Por isso, faz parte das dicas de educação financeira ensinar seus filhos que o tempo amadurece, nos prepara para recebermos o que sonhamos. A criança deve entender que juntar dinheiro é uma maneira de atingir seus alvos, mas isso depende de tempo. E ele precisa ser respeitado. Com paciência, foco e persistência.
6. Esclareça a diferença entre básico e supérfluo
O que é básico? O que é útil? E o que é essencial? Não é fácil para uma criança responder isso. Gastos com estudo são básicos; despesas com guloseimas, por exemplo, são úteis (sob o ponto de vista da criança), desde que em medida racional; gastos excessivos com brinquedos podem ser supérfluos, especialmente se a caixa de brinquedos da criança já estiver lotada.
É importante que seu filho tenha a consciência de que priorizar é algo necessário. Até porque, em geral, propagandas infantis incitam nos pequenos o desejo incontrolável de ter algo supérfluo. Explique a ele essas diferenças.
7. Explique como funciona o cartão de crédito
Explique ao seu filho o que é e como funciona um cartão de crédito. Que as empresas que te dão o cartão emprestam dinheiro e, se você não pagar dentro do prazo, te obrigam a pagar o dobro, o triplo do que deveria. E, se isso acontecer, você não conseguirá comprar mais nada em casa, porque vai virar uma espécie de escravo da empresa.
Mas um cartão de crédito pode não ser um vilão tão cruel, desde que saibamos usá-lo com cuidado. Aproveite a oportunidade para falar sobre juros, um tipo de punição que o banco impõe por pegar dinheiro emprestado com ele.
8. Enfatize que dinheiro é consequência do esforço (físico e mental) dos pais
Transmita à criança que salário é o valor pago pelo esforço que você faz mensalmente no trabalho. Explique quais são suas atividades diárias e o valor da hora trabalhada.
Essa consciência vai dar maior concretude à origem do dinheiro e possivelmente tornará seu filho mais compreensivo com o velho “eu não tenho dinheiro”. Até porque ele certamente não vai querer ficar menos tempo com o pai/mãe, certo?
9. Inclua a criança em pequenas decisões financeiras
Educação financeira é a arte de renunciar, de fazer escolhas que abrem mão do presente em nome do futuro. Em geral, para alcançarmos o que desejamos, temos que desistir de outras coisas, ainda que temporariamente. Inclua seus filhos nas decisões financeiras para que eles aprendam essa máxima.
Comece esse exercício, na prática, no supermercado. Separe um valor, entregue nas mãos dele e diga que ele terá de escolher quais produtos levar com a quantia que possui. As dicas de educação financeira que estimulam a prática devem ser sempre enfatizadas pelos pais.
10. Ensine que dinheiro não é tudo
É importante destacar que dinheiro não é tudo. Trata-se tão somente de um instrumento para que possamos vivenciar uma experiência ou ter um bem. É só um meio, não um fim. Será que seu filho tem esse conhecimento?
Existem valores mais relevantes na vida, como ter momentos agradáveis em família, brincar com seus amigos, ser bom com o próximo (lembra das doações?), entre outros.
Pratique a educação financeira infantil agora!
Agora que você aprendeu essas dicas de educação financeira para aplicar na formação de seus filhos! E se quiser saber mais sobre como falar com os pequenos, baixe nosso guia especial de educação financeira infantil.