Poupar dinheiro não é tão complexo quanto parece. No entanto, envolve mudanças de hábitos, luta contra estímulos a gastos e consumo e, em alguns casos, até determinadas privações.
Mas isso não significa que tenha que ser uma tarefa complicada. Que o digam as pessoas que conseguem atingir seus objetivos poupando. Elas são muito mais seguras, financeiramente falando, estão sempre preparadas para adversidades e até conseguem usufruir de uma forma leve dos seus ganhos.
Uma das maneiras mais práticas de criar o hábito de poupar dinheiro sem muitas “dores” é se conscientizar dos erros que não devem ser cometidos.
Pensando nisso, resolvemos enumerar neste artigo quais são os equívocos mais comuns. A ideia é que você evite cometê-los e se transforme em um poupador com excelentes resultados. Confira!
1. Não ter autoconhecimento suficiente e se entregar ao consumismo
É sempre bom lembrar que, quando falamos em finanças, estamos nos referindo a uma ciência exata. São números. Mas se fosse só isso, seria simples.
De um lado ficariam os que têm facilidade com os números e de outro, os que não lidam bem com a matemática. Estes últimos simplesmente desistiriam de poupar.
Para guardar dinheiro, é preciso saber que estamos lidando com a forma como nos relacionamos com ele no dia a dia. E aqui falamos das humanas. Os desejos e os hábitos de consumo que desenvolvemos ao longo da vida precisam ser mais bem administrados. Não dá para mergulhar de cabeça na cultura do consumo desenfreado.
Reflita sobre como você lida com os seus rendimentos. Pergunte-se se os seus hábitos de consumo são saudáveis, se você faz investimentos ou simplesmente compra pelo prazer do ato de comprar.
É uma equação simples: quem consome de forma consciente tem mais facilidade para poupar dinheiro. Na prática, isso quer dizer que é importante exercitar o hábito de refletir antes de realizar qualquer compra, por menor que seja o valor do produto e/ou do serviço adquirido.
Antes de abrir a carteira e sacar o cartão de crédito ou débito, analise se você de fato precisa fazer aquela aquisição. E, principalmente no caso de compras de maior valor, pense se esse gasto pode prejudicar o alcance dos seus objetivos financeiros.
Quem tem dificuldades para refrear os impulsos consumistas pode apostar em algumas estratégias para não comprar aquilo que não precisa e, consequentemente, prejudicar o hábito de poupar dinheiro, como:
• deixar o cartão de crédito em casa e sair apenas com a quantia de dinheiro que precisará para o dia;
• sempre esperar pelo menos uma semana antes de fechar uma compra maior;
• pesquisar preços, mesmo no caso de produtos e serviços que não custam muito;
• ter atenção especial a pequenos gastos, como o docinho após o almoço ou o café na chegada ao trabalho.
2. Não refletir sobre o próprio esforço para gerar renda
A não consciência de todo o esforço necessário para obter uma determinada renda também é um erro que dificulta o hábito da poupança. Este é um grande problema na classe média, sobretudo entre os profissionais que trabalham com serviços.
Muita gente que tem bons rendimentos acaba não conseguindo poupar, justamente porque acredita que não se esforçou tanto pelo dinheiro.
Logo, é interessante refletir, olhar para a quantidade de horas trabalhadas, saber exatamente o valor dos serviços prestados e se conscientizar de que os esforços podem ser pouco valorizados quando se gasta por impulso.
Um exercício interessante é fazer comparações simples. Estime quanto ganha por cada hora trabalhada. Com esse valor em mãos, faça uma análise dos seus principais gastos.
Se você recebe, por exemplo, R$ 50 por cada hora de trabalho e tem o costume de gastar aproximadamente R$ 300 por final de semana com saídas noturnas, seu orçamento pode ficar desequilibrado. Consequentemente, poupar dinheiro será mais difícil.
Refletir sobre o próprio esforço para gerar renda passa também por considerar as coisas das quais você abre mão para se dedicar ao emprego e ter uma receita todo mês. Quando você para e pensa que as horas despendidas trabalhando poderiam ser dedicadas à sua família ou ao lazer, é possível que use seu dinheiro com mais sabedoria e valorize aquilo que se esforçou tanto para conquistar.
3. Não ter um bom planejamento de poupança
Qual é a melhor forma de começar a poupar? Planejando! Sem planejamento, os estímulos aos gastos serão bem mais tentadores do que a necessidade de guardar para ter mais dinheiro e usar de maneira consciente no futuro.
Para planejar, contudo, precisamos partir de objetivos. O que você quer fazer com o dinheiro que poupar? Comece pensando nisso.
Estabeleça uma meta, defina a quantidade que você quer poupar e em quanto tempo chegará ao montante. Depois, liste todos os seus gastos fixos e variáveis (aquelas compras que não são urgentes, por exemplo).
A partir disso, você pode trabalhar para substituir os custos essenciais por outros menores. Aquele plano de TV a cabo com 500 canais é necessário? Você vê todos os programas ou pode diminuir por um pacote com menos opções?
E sobre os custos variáveis, nem precisamos nos alongar muito, não é? Analise tudo que é supérfluo e corte. Você verá quanto dinheiro vai sobrar!
O planejamento de poupança passa também por entender a importância de criar uma reserva de emergência. Como o próprio nome indica, esse é um fundo para ser usado em situações que não foram previstas, mas que são muito comuns no dia a dia, como um problema mecânico no carro ou um gasto veterinário com o pet da família.
Criar uma reserva de emergência é uma forma de se precaver para imprevistos que acontecem com todo mundo. Ao ter dinheiro guardado para esse fim, você evita se descapitalizar para arcar com um gasto inesperado ou, pior, ter que recorrer a empréstimos e seus juros altíssimos a fim de quitar as despesas que não foram previstas.
Para manter a segurança financeira em dia, o ideal é criar uma reserva de emergência equivalente a três meses de despesas mensais, pelo menos. Aplique esse fundo em um investimento que ofereça segurança e, também, liquidez. Afinal, você não tem como saber em que momento precisará recorrer ao seu fundo de emergência.
4. Não ter noção de investimento e, por isso, não investir
A poupança comum é a opção de investimento que oferece menos rendimentos. Ela é uma alternativa válida para quem apenas quer poupar, mas pode não ser tão estimulante, pois o dinheiro rende pouco. Talvez por isso, muitas pessoas acabam desistindo de suas metas e gastam rapidamente o que foi guardado em meses.
É interessante buscar informações, fazer cursos, ler conteúdos sobre investimentos em outras opções para fazer o dinheiro poupado aumentar. Um bom começo é conversar com o gerente da conta, solicitar que ele lhe dê algumas dicas de investimentos que tragam resultados mais rápidos e volumosos.
Quem está começando no mundo dos investimentos também deve considerar alguns fatores na hora de escolher em quais produtos aplicar. O primeiro deles é saber qual é seu perfil de investidor.
Dessa forma, você não cometerá um equívoco comum de quem deseja poupar dinheiro, que é fazer aplicações que não estão alinhadas com seus objetivos de vida, metas financeiras e seu perfil pessoal.
5. Não dominar o cartão de crédito
Cartão de crédito é uma excelente ferramenta, desde que ele seja controlado e não controlador. Se ele estiver no comando, como disse Cazuza, se transforma em uma navalha.
Use o cartão para o estritamente necessário. Faça as contas e verifique se pagar à vista não é mais vantajoso — solicite descontos, você vai se surpreender com o quanto as empresas são flexíveis na hora em que veem dinheiro vivo.
Trabalhe com todas as suas forças (sobretudo as mentais para resistir à tentação) para não cair na ciranda dos pagamentos de juros eternos das faturas em atraso.
Outra boa prática para o uso consciente do cartão de crédito é sempre pagar as compras à vista, evitando a todo custo parcelar suas aquisições. Muitas pessoas têm o costume de recorrer a parcelamentos por acreditarem que fica mais fácil inserir pequenas parcelas no seu orçamento.
Mas se esquecem de que, quando somadas, essas parcelas podem ter um impacto enorme nas despesas mensais. Parcelar toda e qualquer compra é um hábito que não só leva ao consumo desgovernado como, também, dificulta a organização e o controle financeiro.
6. Não moderar nos cortes pelo desejo desenfreado de poupar
Moderação é a palavra ideal quando se trata de dinheiro, inclusive na hora de poupar! Muita gente sai fazendo cortes bruscos demais, levando aos extremos a necessidade de guardar.
É por isso que um bom planejamento é essencial, com metas e prazos a serem atingidos. Se você fizer cortes sem planejar, poderá se frustrar, pois ficará sem nenhum prazer, se privando de coisas como lazer, arte e cultura. Não é assim que tem que ser.
Estabeleça “tetos” de gastos em cada tipo de despesa. Por exemplo: em vez de deixar de ir ao teatro, que você tanto ama, prefira diminuir a quantidade de peças que costuma ver em um mês; escolha espetáculos mais baratos e procure a programação gratuita dos centros culturais, mas não deixe seu hobby de lado.
Para guardar dinheiro é preciso, antes de tudo, mudar os hábitos. Você não tem — nem deve ter — que abrir mão de tudo o que gosta para poupar parte da sua renda mensal.
Novamente, a chave para ter sucesso na administração das finanças e alcançar a tão desejada segurança financeira é definir objetivos e observar receitas e despesas. Assim, vai garantir que seu dinheiro está sendo usado nas categorias do orçamento que são de fato importantes para você.
Além de estabelecer as metas, é preciso acompanhá-las semanalmente, pelo menos. Se extrapolar as despesas em determinada categoria, avalie se tem como reduzir os gastos em outra parte, a fim de compensar e não terminar o mês no vermelho.
7. Não vencer o hábito da procrastinação
Outro equívoco é deixar o início da poupança para depois. É muito comum conhecermos pessoas que pensam “vou guardar meu décimo terceiro salário”. Só que, quando chega dezembro, por não terem o hábito de poupar, essas pessoas são seduzidas pelos apelos comerciais do fim do ano, gastam todo o dinheiro e ainda entram o ano novo endividadas.
Poupar é uma necessidade para hoje! Comece a planejar e a agir agora, só assim você vai ver os resultados e vencer, pouco a pouco, o hábito de consumir sem critério.
Uma forma simples de começar é separar uma parte da sua renda assim que receber o salário mensal. Logo que o dinheiro for depositado na sua conta, transfira a parte reservada para o investimento ou a criação de uma reserva de emergência. Assim, você não corre o risco de gastar a quantia antes do final do mês.
Poupar é um hábito. Se você se programar para guardar parte do dinheiro que recebe todo mês, adaptará o seu consumo à quantia que restou na conta sem precisar abrir mão dos prazeres da vida, como compras e viagens.
8. Não reduzir os custos em casa prejudica o hábito de poupar dinheiro
Por fim, outro erro comum de quem deseja poupar dinheiro é achar que não precisa fazer uma revisão dos gastos da casa para atingir esse objetivo. A verdade é que a grande maioria das pessoas descobre despesas completamente desnecessárias ao fazer uma análise cuidadosa do seu orçamento familiar.
São assinaturas de jornais e revistas que não são lidos, gastos excessivos com delivery de comida e contratação de canais de TV a cabo que não são assistidos. Veja algumas dicas para reduzir os custos em casa e aumentar a economia de dinheiro:
• gaste menos com refeições fora de casa;
• evite pedir delivery em excesso;
• elimine a mensalidade de serviços que não são usados;
• faça uma lista antes de ir ao mercado e se atenha a ela;
• prefira produtos da estação para o preparo das refeições;
• use o transporte público ou a bike em vez de apps de transporte;
• busque alternativas mais baratas para se divertir, como cinema em casa ou praia.
Para poupar dinheiro e garantir sua segurança financeira e da sua família, é preciso deixar para trás velhos hábitos e consumir de forma consciente. Comece agora mesmo!
O que você tem feito para não cometer esses erros na hora de poupar dinheiro? Leia também: 9 dicas de economia nas compras do supermercado!