O que é Home Broker e como ele mudou a forma de pensar o mundo dos investimentos? Até o fim da década de 90, quem passava durante o dia pela charmosa rua XV de Novembro, em São Paulo, ouvia de longe os gritos que vinham do edifício neoclássico da Bolsa de Valores.
Os mais curiosos poderiam observar, por entre as pequenas frestas das portas da edificação tombada, centenas de operadores gesticulando freneticamente com seus telefones em mãos.
Eram os tempos românticos do pregão viva-voz, que já chegou a abrigar mais de 1.500 profissionais em uma mesma sessão. Ele foi totalmente substituído em 2005 pelo pregão eletrônico, operacionalizado por meio de um sistema que redimensionou o mercado financeiro: o Home Broker. Mas o que é isso?
Neste artigo, vamos entender mais sobre essa plataforma e como utilizá-la. Acompanhe!
Afinal, o que é Home Broker?
Na esteira das evoluções promissoras da internet discada do início da década de 2000, o Home Broker foi um sistema visionário, lançado ainda em meio às deficiências da internet da época, mas pensado para ser o futuro da integração entre Bolsa de Valores e investidores.
Com o mérito de ter facilitado o acesso das pessoas físicas ao mercado de capitais, esse sistema se tornou fundamental nos dias de hoje, em uma era marcada por Big Data e computação em nuvem.
O “Broker” se aperfeiçoou e caiu como uma luva nas negociações financeiras, não somente na execução de ordens de compra e venda de ações, mas também no estudo e na análise de ativos.
Conceitualmente, o Home Broker é uma plataforma de operação digital que permite, em tempo real, conectar investidores ao pregão em andamento.
Ele é autorizado pela B3 (antiga BM&FBovespa) e disponibilizado por bancos e corretoras de valores — que funcionam como intermediários no processo de negociação no mercado de capitais.
O início das operações desse sistema na Bolsa se deu em 1999. A partir de então, a plataforma coexistiu com a negociação telefônica até 2005, quando o meio eletrônico se tornou único para transação de títulos no mercado.
Com a fusão da BM&F com a Bovespa, em 2008, o mercado de commodities também não tardou a abandonar o sistema viva-voz.
Pelas datas citadas, já deu para deduzir que o conceito de Home Broker está muito ligado ao desenvolvimento da internet como meio de difusão das informações, certo?
Quais são as vantagens dessa plataforma eletrônica de negociação?
Mais do que entender o que é Home Broker, o essencial é compreender seus benefícios para quem deseja investir. Um sistema eletrônico de negociação na Bolsa de Valores funciona mais ou menos como um internet banking, apresentando os seguintes benefícios:
• acesso às cotações em tempo real;
• compilação de notícias sobre política nacional/internacional, indicadores macroeconômicos e mercado financeiro de forma geral;
• disponibilização de ferramentas de análise gráfica;
• consulta a posições financeiras e de custódia;
• acesso a partir de smartphones, PCs e laptops;
• presença de dispositivos de automatização de ordens de compra e venda (stop gain/stop loss);
• agilidade no cadastramento e no trâmite de documentos;
• possibilidade de remessa de ordens imediatas/programadas no mercado à vista (lote-padrão e fracionário) e no mercado de opções;
• acompanhamento da carteira de ações;
• confirmação automática das ordens executadas, além de relatório financeiro completo (notas de corretagem).
O que é possível fazer em um Home Broker?
O conceito de Home Broker passa muito pelas 3 principais funções que fizeram dessa plataforma um instrumento indispensável de apoio ao investidor. Trata-se de:
1. negociar ativos de renda variável;
2. permitir o acompanhamento das cotações real time;
3. dar acesso à carteira de investimentos, bem como a extratos.
Mas quais ativos podem ser negociados por meio do Home Broker? Veja abaixo os principais títulos que você pode comprar e vender:
• ações;
• opções;
• contratos futuros como minicontratos de índice e dólar;
• commodities ligadas à antiga BM&F (como soja, etanol, açúcar, boi gordo, café e milho);
• índice S&P 500 (índice que representa as 500 maiores empresas norte-americanas).
Ainda tem dúvidas sobre o que é Home Broker na prática? Embora haja variações de layout, no dashboard desse sistema você geralmente consegue visualizar:
• a boleta de negociação (tela em que são de fato inseridas suas ordens de compra ou venda);
• a lista das últimas e das maiores ofertas (book com o nome de corretoras/bancos envolvidos);
• os gráficos intraday/mensal/anual (exibindo a movimentação dos ativos ao longo do tempo).
Na boleta de compra/venda, você deverá colocar o ativo a ser negociado, a quantidade desejada, a validade da sua oferta e o preço de seu interesse (você pode disparar esse gatilho automático e aguardar até que a cotação alcance o patamar predefinido).
Como ter acesso a um Home Broker?
Para ter acesso a esse sistema, é preciso abrir conta em uma corretora de valores ou banco que seja credenciado para atuar no mercado de capitais (dado que os Home Brokers dessas instituições são interligados ao ambiente de negócios da B3).
Cada corretora é responsável por seu próprio front-end (layout), de modo que cabe ao investidor estudar atentamente as opções do mercado para escolher a corretora e a plataforma que melhor se encaixem em seu perfil.
Basicamente, o que deve ser considerado nesse processo de decisão é uma mistura de elementos que envolve estabilidade de conexão, bom atendimento e taxa de corretagem atrativa.
Dentre essas 3 virtudes, a primeira é a mais importante, já que um mínimo atraso na atualização das cotações pode fazer milhares de pessoas perderem muito dinheiro.
O atendimento também deve ser comparado, já que algumas corretoras oferecem assessoria por telefone e chat, além de cursos de aprimoramento. Por fim, o custo dos serviços é essencial para o sucesso de seus investimentos.
Isso porque, se por um lado a taxa de custódia é fixa (pois remunera a B3), por outro, a taxa de corretagem varia bastante de acordo com a instituição financeira.
Por fim, vale lembrar que o risco operacional das transações via Home Broker é muito pequeno. Uma das razões é que a própria B3 faz auditorias periódicas nos sistemas das instituições financeiras.
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