Quem nunca usou o limite do cheque especial e teve dificuldades para sair do vermelho que atire a primeira pedra. De uma forma ou de outra, grande parte dos brasileiros já se viu em situação de devedor e teve dificuldades para mudar esse status.
De acordo com o Mapa da Inadimplência no Brasil, criado pela Serasa Experian (último levantamento em 2014), a região Norte do país apresenta os maiores índices de devedores (31,1%), seguida da Centro-Oeste (26,4%), Sudeste (24,5%), Nordeste (23,6) e Sul (22,4%).
Nos últimos 3 anos, o número de pessoas que não conseguiram lidar com as suas dívidas e se tornaram inadimplentes teve um aumento significativo — 1 em cada 3 consumidores chegou ao final de 2016 endividado, de acordo com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas.
Neste momento, isso está acontecendo com mais frequência porque o país passou a lidar com uma de suas maiores crises econômicas já registradas nas últimas décadas. As dificuldades macroeconômicas acabaram, como é de praxe, se refletindo no dia a dia das pessoas, o que elevou os níveis de endividamento.
A boa notícia é que liquidar dívidas e retomar o controle financeiro tem jeito. É uma questão de reorganização financeira. Leva tempo e demanda paciência, é verdade, mas é menos complicado do que a gente costuma acreditar!
Com isso em mente, resolvemos trazer uma reflexão profunda sobre o assunto e apresentar 7 passos para deixar o vermelho no passado!
Por que é importante sair do vermelho?
Numa análise mais superficial, sair do vermelho é simplesmente não ter o nome sujo na praça. Mas, se pensarmos de uma forma um pouco mais elaborada, vemos que, ao restabelecer o crédito, as pessoas melhoram sua qualidade de vida e evitam excesso de preocupações, que podem até prejudicar a saúde.
Além disso, quem não tem dívidas atrasadas tende a ter mais facilidade para conseguir empréstimos para seus projetos. E isso é fundamental para o crescimento pessoal. Pessoas que não estão no vermelho são mais propensas a prosperar, pois não há nada que as impeça de fazer investimentos e empreender.
Da mesma forma, ao conseguir driblar a inadimplência, a autoconfiança é retomada, o que contribui muito para um estado de espírito mais propenso à criatividade a à inovação. Sem contar que as relações com a família e amigos melhoram bastante quando as dívidas não são preocupações frequentes.
O que você pode fazer para sair do vermelho?
Para ajudá-lo na difícil tarefa de voltar a ter o nome limpo e condições de crédito no mercado, nós conversamos com a coach de finanças Diana Reis, uma especialista em programação neurolinguística, análise comportamental, resolução de conflitos e educação financeira.
Ela apontou 7 passos para sair do vermelho e conseguir construir uma reserva financeira para conquistar seus sonhos.
Do hábito de anotar os gastos a ter paciência para evitar estresse, passando por bom uso do cartão de crédito e criação do hábito da poupança, veja o que a profissional indica:
1. Anote todos os gastos e receitas
Tome nota de tudo, tudo, tudo, durante um mês. Pode parecer chato, mas se não começar a colocar na ponta do lápis, você nunca vai saber para onde está indo todo o seu dinheiro.
O ideal é fazer uma planilha em que todos os valores serão apontados diariamente. Guardar cupons e notas fiscais ajuda a não se perder na hora de fazer os apontamentos.
Uma dica legal é: use o Google Docs, pois assim você terá sua planilha sempre disponível, online, e poderá fazer anotações em tempo real. Existem também alguns aplicativos com essa finalidade (procure na loja virtual do seu smartphone).
No fim do mês, dê uma olhada nas anotações e reflita sobre os custos que poderiam ter sido evitados ou substituídos por outros menores. Isso vai ajudá-lo a se reeducar em médio e longo prazo.
2. Saiba usar o cartão de crédito
Esse brinquedinho de plástico derruba qualquer um. Em poder do cartão de crédito, a gente pensa que tem um sócio rico. É preciso ter cautela, colocar os pés no chão e saber lidar com a falsa sensação de poder.
Tenha consciência que o cartão de crédito é um dinheiro que não é seu. Quanto mais usar mais você se compromete, mais fica enrolado. Mas se você souber usá-lo, ele pode ter vantagens, como o acúmulo de milhas aéreas, por exemplo.
Fique atento às taxas anuais de juros (que variam conforme a administradora e a variação estabelecida pelo Banco Central); evite ter e usar mais que um cartão (lembre-se que seu orçamento é um só); tome cuidado com os parcelamentos de faturas (eles são incentivados pelas operadoras, pois trazem muitos lucros a elas).
Quanto mais controle você tiver sobre os seus gastos nesta modalidade de crédito, menos vai se enrolar. E não transforme o cartão de crédito em sua única opção de pagamento!
3. Planeje seus gastos
Cerca de 90% das nossas emoções são usadas na hora da compra. E os profissionais de propaganda e marketing sabem disso! Não por acaso, estão sempre apelando para os nossos sentidos para nos persuadir.
O ideal é evitar sempre a compra por impulso. Sem pensar muito, a gente tende a só perceber as consequências depois que elas são inevitáveis.
Quando você aprende a controlar o uso do cartão de crédito, passa a ter mais facilidade para dominar suas emoções na hora de comprar. Se não é uma necessidade, não compre. Se gostar muito de algo na vitrine, vá para casa pense e repense. Veja quanto vai gastar de juros, verifique se o pagamento em dinheiro traz vantagens. Sete dias depois, chegue a uma conclusão.
4. Defina metas financeiras pessoais
Quando falamos de finanças, planejamento é a base de tudo. Para traçar objetivos financeiros, também é aconselhável usar uma planilha. Com a planilha, é fácil saber o que é essencial e o que é dispensável, o que foi compra inteligente e o que é fruto de impulso.
Divida o documento em duas partes. De um lado, coloque todas as suas despesas fixas e do outro vá anotando tudo que é variável. Ao lado desta coluna de custos eventuais, estabeleça limites de gastos.
Por exemplo, você pode definir que só gastará 100 reais com cinema neste mês, assim, terá que escolher entre os diversos filmes em cartaz, em vez de ver todos. Aplique este princípio a outras despesas que podem ser cortadas ou reduzidas.
5. Aprenda a poupar dinheiro
A gente sempre acha que tem que ganhar mais. No entanto, quanto mais ganhamos, mais vemos necessidade de gastar. E os estímulos para isso são imensos, basta ligar a televisão e lá estão produtos e serviços maravilhosos esperando por nós.
Aprenda a multiplicar o seu dinheiro de uma forma correta para que, no futuro, ele possa trazer possibilidades que você não tinha. Quando poupamos, estamos fazendo o dinheiro trabalhar por nós, se não fazemos isso, somos nós que trabalhamos para ele.
Uma boa forma de fazer poupança é estabelecer um valor a ser guardado mensalmente. Também é interessante firmar o compromisso de não mexer no que é poupado por um prazo estabelecido (um ano, por exemplo).
E mais: a gente tende a poupar com mais facilidade quando têm objetivos claros para fazer isso (viajar, fazer um curso, adquirir um imóvel etc.).
6. Gerencie as suas finanças com cautela
Utilize uma planilha para gerenciar seu orçamento, mas não fique com a ideia fixa de planilha. Você determina aonde quer chegar e ela vai dizer a você como.
Em outras palavras, controlar entradas e saídas não pode ser um sacrifício, pois isso pode trazer frustrações e até impactar negativamente a sua qualidade de vida. Muito pelo contrário, esse controle deve ser prazeroso, atrelado a metas e voltado para a elevação dos seus resultados pessoais.
Equilibre a necessidade de controle com esforços para melhorar sua renda. Busque um trabalho extra ou preste serviços como freelancer eventualmente.
Da mesma forma, tente adequar seus hábitos de consumo durante este período de retomada de controle. Assim, você não torna essa jornada mais difícil do que ela já é, e pode transformá-la em um aprendizado ao invés de um suplício.
7. Tenha paciência
Às vezes, erramos a vida inteira com maus hábitos financeiros. Então, uma reeducação pode levar tempo. É como uma reeducação alimentar: questão de hábito. É difícil, mas não é impossível. Você pode se reeducar. É só refletir sempre que se deparar com situações como: Eu tenho que comprar isso ou é para impressionar alguém?, Eu tenho que dar isso para o meu filho agora? Vá no seu passo, mas só comece para chegar a algum lugar.
A maioria das pessoas que não consegue sair do vermelho se prende mais ao problema do que às soluções em si. Assim, elas ficam ansiosas e acabam perdendo a capacidade de criar soluções, pois estão muito focadas no que é negativo.
Você pode lidar com adversidades financeiras de uma forma mais leve, isso demanda tempo e capacidade de resiliência. Ou seja, foque na retomada do controle e não nas dívidas em si!
O que você achou destes passos para você sair do vermelho? Que tal começar agora a colocar em prática agora os conceitos aprendidos? Não deixe de compartilhar o post nas suas redes sociais!
Confira um resumo do passo a passo no infográfico abaixo: