Quando joguei as flores pra trás, minha felicidade multiplicou-se na farra das amigas que disputavam o buquê. Parecia a última cena de um filme, um comercial de TV, qualquer coisa que lembrasse a alegria daquele instante. “Sou feliz agora e sei disso”, repeti esta frase pra mim mesma, como se fosse um mantra, eu havia encontrado meu grande amor! Estávamos em 2003, na flor da idade, e tão completos. No ano seguinte, a vida, com pressa em nos contentar, trouxe-nos um filhote, o elo mais doce e saudável de nós dois. Mudança radical em nosso tempo, nossa rotina e perspectivas. Agora éramos três. “Amor quando vem, só vem de muito”, era um ditado de minha mãe que agora era meu.
Os padrinhos de nosso bebê vieram nos visitar naquele mesmo mês. Conversa vai, conversa vem, sugeriram que fizéssemos um seguro de vida. Não gostei daquela conversa, confesso que senti um frio na barriga. Pra quê? Somos tão jovens! Meu marido foi bem mais receptivo, andava preocupado com garantias e seguranças e marcou uma visita ao corretor indicado por nossos compadres. Chegou em casa com todas as informações e argumentos, mas não me convenceu, absolutamente. Mesmo assim, fez o que considerou o mais correto. Eu tratei de esquecer o mal estar, deixei pra lá, aquilo não era problema meu… Vida pra mim é a que segue.
Segue, sempre, mesmo quando parece que parou de andar. Naquela tarde ele saiu animado pra uma reunião onde negociaria um novo emprego, em novo ramo. Como se demorou mais do que o combinado, comecei a ligar pros amigos, o celular dele não atendia. Não tardou muito para que o meu celular tocasse. Era a polícia informando-me de um acidente de carro que o envolvia, provavelmente no caminho de volta pra casa. Como assim? Somos tão jovens… Algumas horas depois nossos compadres chegaram. Com meu filho no colo, permaneci sentada na sala, amamentando, em transe, em choque. Esperava o amor de minha vida voltar a qualquer momento, pedindo desculpas pelo atraso. Meus amigos tomaram as primeiras providências e lembraram do seguro de vida, realizado um ano antes. Aquele que fiz questão de esquecer.
“Sra., sentimos muito mesmo. Agora a senhora vai saber o que nós somos. Vai ver que valeu a pena. Vai ver que vamos entrar em ação”. Com estas palavras o corretor despediu-se de mim, um senhor distinto. De fato, tudo aquilo se fez realidade em minha vida. O benefício transformou-se no protagonista anônimo desta história que ainda não terminou, o suporte para minha recuperação e para os cuidados com meu filho. Durante os dez anos que se seguiram tive a chance de me refazer e de tocar o dia após dia. A luta pela vida é a única que não tem férias, ela nos acorda todas as manhãs e nos desafia com um horizonte diferente. Em toda aurora o mar tem um novo tom de azul, de verde, ou de cinza, e surfar nessas ondas é a receita para a continuidade. Após dez, vinte, trinta anos que sejam… o tempo é sempre o de recomeçar. E para este tempo, não importa a idade, nós todos somos, sempre, jovens.
[Este depoimento é fictício e baseado em fatos reais da vida de uma beneficiária da Mongeral Aegon.]