Venda de férias: cálculo e como usar o dinheiro com sabedoria
Publicado em: 30/04/20258 minsÚltima modificação em: 10/07/2025

Educação Financeira

Venda de férias: cálculo e como usar o dinheiro com sabedoria

Veja como calcular a venda de férias, o que diz a lei e dicas para usar o valor com sabedoria. Organize sua vida financeira com inteligência!
jovem mulher pensativa

Para muitos trabalhadores, as férias representam um período aguardado de descanso e renovação. No entanto, há quem prefira transformar parte desse tempo em renda extra, recorrendo à venda de férias.

Neste guia, descubra o que diz a legislação, como calcular corretamente o valor, os cuidados necessários e dicas para usar esse dinheiro de forma estratégica, garantindo tranquilidade financeira e evitando armadilhas comuns. Continue a leitura!

O que é venda de férias e quem pode fazer?

A venda de férias, também chamada de abono pecuniário, é um direito previsto pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT, art. 143). Consiste na possibilidade de converter até um terço do período de férias em dinheiro. Isso significa que, se o trabalhador tem direito a 30 dias de descanso, pode optar por vender até 10 dias e usufruir dos 20 dias restantes de folga.

Esse direito vale para quem trabalha com carteira assinada, exceto algumas categorias que possuem normas específicas, como empregados domésticos e servidores públicos. Para solicitar, o empregado deve comunicar por escrito ao empregador até quinze dias antes do fim do período aquisitivo de férias.

A empresa não pode obrigar ninguém a vender parte do descanso: a decisão cabe ao trabalhador. Todo o processo exige formalização junto ao setor de recursos humanos, garantindo segurança e transparência.

Quais são as vantagens e as desvantagens da venda de férias?

Como benefício, destaca-se a entrada de dinheiro extra no orçamento. Isso oferece flexibilidade para quem deseja organizar as finanças, realizar um sonho ou até mesmo investir. Entretanto, é essencial avaliar o impacto dessa escolha, já que vender parte das férias reduz o período de descanso, o que pode afetar a saúde física e mental.

Cabe ao empregador garantir que o trabalhador tenha o descanso mínimo determinado por lei. Quem emprega também pode ter custos adicionais, pois o valor vendido integra a folha de pagamento e sofre incidência de encargos trabalhistas. Antes de decidir, é fundamental pesar a necessidade de renda extra com o valor de um tempo de pausa para o lazer e convívio familiar.

Quando e como vender férias?

O pedido de venda de férias deve ser feito antes do término do período aquisitivo, ou seja, antes de completar doze meses de trabalho. Essa solicitação precisa ser formalizada, preferencialmente por escrito, detalhando o número de dias que se deseja vender — o máximo permitido são dez dias.

O trabalhador deve informar o setor de RH da empresa, garantindo que todos os direitos sejam respeitados e que o registro da solicitação seja feito corretamente. Esse cuidado ajuda a evitar conflitos e problemas futuros. Sempre verifique os prazos para garantir que o processo seja concluído sem imprevistos.

Como calcular venda de férias: passo a passo completo

O cálculo da venda de férias é simples, mas exige atenção. O valor é baseado no salário mensal do trabalhador, incluindo o adicional de um terço constitucional. A seguir, confira o passo a passo:

  1. Divida o salário mensal por 30 para encontrar o valor diário;
  2. Multiplique o valor diário pela quantidade de dias vendidos (máximo de 10);
  3. Sobre o valor obtido, acrescente um terço.

Exemplo

Um trabalhador com salário de R$ 3.000,00 que vende 10 dias:

  • Valor diário: R$ 3.000,00 ÷ 30 = R$ 100,00
  • Valor total dos dias vendidos: 10 × R$ 100,00 = R$ 1.000,00
  • Adicional de 1/3: R$ 1.000,00 ÷ 3 ≈ R$ 333,33
  • Valor bruto da venda: R$ 1.000,00 + R$ 333,33 = R$ 1.333,33

Importante

Fique atento aos descontos legais, como INSS e Imposto de Renda. O valor líquido será menor do que o bruto. Para evitar erros, confira todos os detalhes no holerite e, em caso de dúvida, procure o setor de RH.

Vale a pena vender as férias?

Vender férias é uma maneira de ganhar um dinheiro extra e ainda ter um período razoável para descansar. Pode ser uma boa maneira de quitar dívidas, fazer uma reforma na casa, viajar em família ou pagar parte da mensalidade da faculdade dos filhos, por exemplo.

Portanto, valer a pena ou não vender as férias vai depender das condições do colaborador. Caso ele esteja com as contas em dia e não precise fazer investimentos urgentes, talvez nem deva considerar essa opção. Contudo, como veremos no próximo tópico, o dinheiro extra pode, sim, ajudar a fazer muita coisa.

Venda de férias e desconto no INSS e Imposto de Renda

A venda de férias está sujeita a descontos obrigatórios. O INSS incide sobre o valor recebido, assim como o Imposto de Renda, dependendo da faixa salarial. Esses descontos reduzem o valor líquido que chega ao trabalhador.

É importante conferir sempre o holerite, observando se os descontos foram aplicados corretamente. Caso haja dúvidas sobre valores ou descontos indevidos, busque orientação no RH. O uso de calculadoras de folha de pagamento pode ajudar a identificar possíveis erros e garantir que todos os direitos estejam sendo respeitados.

Direitos do trabalhador e obrigações do empregador na venda de férias

O empregador tem a obrigação de pagar corretamente o adicional constitucional de um terço, cumprir os prazos estabelecidos e registrar formalmente a solicitação do empregado. O trabalhador deve receber todas as informações detalhadas no holerite, incluindo valores pagos e descontos aplicados.

Qualquer irregularidadepode ser denunciada ao sindicato ou a órgãos de proteção ao trabalho. Um processo transparente protege os direitos de ambas as partes, trazendo segurança jurídica e evitando futuros problemas.

O que fazer com o dinheiro das férias?

Recebido o montante referente à venda, é hora de decidir para onde essa quantia será destinada. Tudo depende da sua atual situação financeira. Por isso, listamos algumas opções para ajudar a usar seu dinheiro de férias da melhor forma possível. Acompanhe!

Fazer investimentos

Os investimentos são excelente opção para quem quer aumentar a renda. E o melhor: o mercado financeiro oferece várias alternativas para a aplicação do dinheiro.

Uma boa alternativa para usar o dinheiro extra é fazer um aporte na previdência privada. Assim, você contribui para para uma aposentadoria tranquila.

Pagar dívidas

Usar o dinheiro da venda das férias para quitar suas dívidas é uma prática consciente. No entanto, para fazer isso da maneira correta, você deve elaborar um planejamento.

Afinal, dependendo do valor das suas dívidas, a quantia recebida das férias talvez não seja suficiente para arcar com todas as despesas. Contudo, você pode quitar parte delas.

Relacione todos os seus débitos e entre em contato com cada credor para tentar negociar um desconto nos pagamentos à vista. Prefira quitar dívidas mais urgentes, aquelas com os juros mais elevados. Divida as demais em parcelas que caibam no seu bolso.

Poupar

Para muitos, a poupança já deixou de ser uma boa opção há tempos devido à sua baixa rentabilidade. Contudo, ainda existem muitas pessoas que não gostam de correr risco algum, preferindo aplicar seu dinheiro nela. Outro ponto positivo é que não há cobrança de Imposto de Renda.

Além disso, por sua liquidez, ela pode servir como um fundo de emergência, garantindo segurança em momentos difíceis, como a perda do emprego, o surgimento de gastos com imprevistos médicos e assim por diante.

Hoje em dia também é possível contar com bancos digitais, que garantem que o seu dinheiro renda mesmo parado na conta. Assim, o valor extra da venda das férias pode engrossar esse montante.

Evite tratar esse valor como renda fixa, pois ele é pontual. Não comprometa o orçamento com novas despesas recorrentes. Planeje bem o uso desse dinheiro, priorizando o que traz tranquilidade e segurança — isso reduz riscos de preocupações futuras e contribui para evitar situações como a depressão pós-férias.

Lembre-se: o descanso é essencial. Se decidir vender parte das férias, aproveite o restante do tempo para relaxar e recarregar as energias, mantendo o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

Perguntas frequentes sobre venda de férias

Posso vender mais de um terço das férias?

Não. A legislação só permite a venda de até um terço do período total de férias. Em férias coletivas, as regras podem mudar, dependendo dos acordos coletivos de cada categoria.

O que acontece se o empregador negar meu pedido?

A venda de férias é um direito do trabalhador, mas pode ser negada se não forem respeitados os prazos ou houver regras específicas na política interna da empresa, prezando pela qualidade de vida. Em casos de dúvidas, procure o setor de RH ou órgãos responsáveis para garantir que todos os direitos estejam sendo cumpridos.

Venda de férias como planejamento financeiro

Vender parte das férias pode ser estratégico para reforçar o orçamento, principalmente se houver um objetivo claro, como juntar dinheiro para um projeto importante ou realizar uma viagem especial. Reflita sobre a real necessidade dessa escolha, mantendo sempre o foco no equilíbrio entre trabalho e descanso.

O ideal é fazer simulações, planejar com calma e, se necessário, buscar orientação especializada para tomar a melhor decisão. O descanso é fundamental para manter a produtividade e a qualidade de vida. Com um bom planejamento de férias, é possível aproveitar ao máximo os benefícios desse direito trabalhista. Saiba mais!

Gostou do conteúdo? Compartilhe: